Apaixonado desde miúdo pelo cinema, Vasco Granja esteve envolvido no movimento cineclubista dos anos cinquenta. A sua relação com os movimentos de oposição ao Estado Novo e ao Partido Comunista Português valeram-lhe duas prisões pela PIDE, mas nem por isso deixou de estar presente no primeiro festival mundial de Animação, em Annecy, França, nos anos 60. Ganhou então uma nova paixão, cujo ídolo maior era o canadiano Norman McLaren, que conheceu pessoalmente.
Em 1974 inaugurou um novo programa na televisão, "Cinema de Animação", que duraria 16 anos. Foram mais de mil programas em que mostrou de tudo um pouco, desde a animação norte-americana, canadiana e europeia até aos países de Leste. Logo em 1975 concebeu um curso de Cinema de Animação, do qual germinaria a Associação Portuguesa de Cinema de Animação.
Entusiasta do Cinanima, defende o estatuto próprio da animação, já que, como escreveu o próprio, esta tem "uma linguagem autónoma, que nada ou quase nada tem a ver com a técnica e a estética do cinema, excepto no que se refere ao suporte material". Sem nunca deixar-se influenciar pelo ambiente político, sobreviveu às constantes mudanças de administrações da RTP, e influenciou toda uma nova geração de criadores de animação portugueses.
Deixou-nos ontem, aos 83 anos.NOTA DA REDACÇÃO- O meu obrigado ao mágico que nos EXPLICAVA, nos anos 60, como se fazia a animação, todo o processo de desenho e decalque então usado, que nos alertava para a qualidade e invenção do desenho animado que eu, hoje ainda, não dispenso.Tenho saudade do Vasco Granja e tenho saudades dos desenhos animados que educavam e divertiam, não dos incitam à violência, à gritaria, à competição. Quem não de deleitava com o maestro Mickey à frente de uma orquesta de formigas, tocando Rossini e Beethoven? OBrigada, sr. Vasco Granja.
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