[google6450332ca0b2b225.html

sexta-feira, julho 31, 2009

"Nossa Senhora do Leite" - Assobio

canções da tradição

o fio de um cabelo

Abandono a casa o horto o lugar à mesa
o casaco de que gostava, sobre o leito dobrado
esta verdade quase banal
que toda a vida fui
Não abro a porta quando batem
(às vezes batiam só por engano)
não avalio o balanço das certezas
o que separa uma forma da outra
sempre me escapou
Ontem começava a clarear
o ar frio que vinha dos campos
julguei-o de passagem e afinal
era um segredo que o meu corpo
de uma vez por todas contava
ao meu corpo
Mas quando tombei sobre a terra
perdido como o fio de um cabelo
(aqueles que primeiro caem
da cabeça de um rapaz
e por não serem notados
são mais perdidos ainda)
estavas junto de mim
Lançaste ao fogo cidades
afogaste os exércitos
no vermelho mar da sua ira
hipotecaste terras tão preciosas
para estares junto de mim

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA Madeira, 1965

Acesso ao ensino Superior sem ensino médio

A brasileira Marcela de Oliveira Rady, de apenas 15 anos, conseguiu atarvés de sentença do juíz Sérgio Divino, de Goiana, o direito de se inscrever no curso de Direito da Universidade Católica de Góias, sem concluiro o ensino médio. Para o juíz, a jovem já demonstrou capacidades intelectuais e conhecimentos, pelo que deve ser facilitada a sua progressão.SEgundo Sérgio Divino, o dever do estado com a educação é garantir o acesso aos níveis mais elevados de acordo com a capacidade de cada um. (in: Revista Sábado)

Amor / Arte / Amor /Arte

"Para que possa ser arte, não se lhe exige uma sinceridade absoluta, mas algum tipo de sinceridade. Um homem pode escrever um bom soneto de amor sob duas condições - porque está consumido pelo amor, ou porque está consumido pela arte. Tem de ser sincero no amor ou na arte; não pode ser ilustre em nenhum deles, seja no que for, de outro modo. Pode arder por dentro, sem pensar no soneto que está a escrever; por arder por fora, sem pensar no amor que está a imaginar. Mas tem de estar a arder algures. De contrário, não conseguirá transcender a sua inferioridade humana."
FERNANDO PESSOA
(1888-1935)
(in "Heróstrato e a Busca da Imortalidade")
primeiro atentado ecológico!

O amor não é....

O amor não é algo que te faz sair do chão e te transporta a lugares que nunca viste.
O nome disso é avião.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que podes esconder dentro de ti e não mostras a ninguém.
Isso chama-se vibrador tailandês a três velocidades.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala.
O nome disso é bronquite asmática.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que chega de repente e te transforma em refém.
Isso chama-se sequestrador.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que voa alto no céu e deixa a sua marca por onde passa.
Isso chama-se merda de pombo...
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que lançou uma luz sobre ti, te levou para veres estrelas e te trouxe de volta com algo dele dentro de ti.
Isso chama-se extraterrestre.
O amor é outra coisa.
O amor não é uma coisa que desapareceu e que, quando encontrado, pode mudar o que vês.
Isso chama-se comando de TV.
O amor é outra coisa.
O amor é simplesmente... o Amor !

in: net

quinta-feira, julho 30, 2009

Pedido, para esclarecer a minha curiosidade feminina


Entre os simpáticos leitores do meu blog, Brasil, Venezuela, Portugal, etc, aparece (COMO HOJE E AGORA) uma bandeirinha branca, sem identificação do País. Será que posso pedir ao dono da bandeira da Paz que me diga de onde me lê? Desde já o meu obrigada.
tukakubana

O sítio onde moro....


...é um sítio lindo de um concelho da costa norte da Ilha da Madeira que é, numa vertente, batido pelo sol e pelo mar e, no outro limite, pelo sol, o vento e a serra.
É aqui que eu vivo, entre verdes, ventos, sóis e nevoeiros. Aqui criei raízes ao construir a casa, aqui liguei cordões umbilicais ao ter os filhos e ao aqui viver mais de metade da minha vida e aqui quero continuar. As gentes são boas, porque, como dizia uma ex-vizinha minha, a Tia Jacinta dona de oito décadas de sabedoria, "o mundo é composto com tudo - tem de haver tontos e sabidos". E eu, filha adoptiva da terra, tanto sou tonta como sabida! E todos os dias aprendo, todos os dias há coisas novas a arrecadar.São generosas, agradáveis.
E vem isto a propósito da fotografia que ilustra o texto: um caixote de ameixas.
Ontem, porque o meu marido foi colher amoras de silvado para fazer o doce caseiro, quando fui comprar o açúcar perguntaram-me se era para doce de ameixa. Disse que era para o de amora, pois não tinha ameixas e a resposta foi pronta:"deixe estar que eu arranjo-lhe umas amexinhas". Cá estão,em quantidade industrial para uma casa de família pequena (que eu vou ter de repartir) túrgidas e cheirosas, de polpa e sumo, num convite à prova imediata. Deleitem-se, mas não babem; chamam-lhe, por cá, "ameixas pêssegas"!

"Sombras"


Sombras.
Só sombras
que perturbam o
deslumbramento.
Ou então
um pequeno desencanto
apenas naquele instante
quando essa presença
da voz
se fez silêncio
no lugar do mundo.
Penso. Olho. E vejo.

José Luís Rodrigues

"e tudo era possivel" - Ruy Belo

"Na minha juventude antes de ter saído da casa de meus pais disposto a viajar eu conhecia já o rebentar do mar das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido o rolo das manhãs punha-se a circular e era só ouvir o sonhador falar da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida e havia para as coisas sempre uma saída Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder de uma criança

entre as coisas e mim havia vizinhança

e tudo era possível era só querer."


(in Homem de Palavra[s]
Lisboa, Editorial Presença, 1999, 5ª ed.)

Sombra


Não perguntem nada: nós estamos dentro
Do aro de frio, no frio do muro,

Tão longe, tão longe da feira do Tempo!
Não perguntem nada.

Nós estamos mudos.

Puseram açaimes nas ventas do vento,

Ergueram açudes nas águas do mar...

Não perguntem nada: nós estamos dentro,
Ou fora de tudo.

Não perguntem nada.

Tumulto na estrada? O bicho na concha.

Miséria na casa? O farol na montra.

Não perguntem nada, não perguntem nada:
há sempre gládios
e ríspida sombra.
Não perguntem nada: as razões são longas.

Não perguntem nada: as razões são tristes.

Não perguntem nada: nós estamos contra.

E talvez perdidos.
E talvez perdidos.
..

David Mourão Ferreira

quarta-feira, julho 29, 2009

"ouvir as estrelas (via Láctea)" Olavo Bilac


Ora direis ouvir estrelas!
Certo

Perdeste o senso"!
E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora!
"Tresloucado amigo!

Que conversas com elas?
Que sentido
Tem o que dizem,
quando estão contigo?"

E eu vos direi:
"Amai para entendê-las:

Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

Olavo Bilac (1865-1918)

"Campanha eleitoral e música pimba"

António de Almeida - Jornal Expresso
8:00 Quarta-feira, 29 de Jul de 2009


Com curtos intervalos, Portugal está em campanha eleitoral todo o ano. As mesmas caras a berrarem as mesmas cassetes. A dois. A três. A quatro. Em grupo. Todos a falarem ao mesmo tempo. Até a mesa fica com dores de cabeça.
Não cansados por esta desgastante actividade, periodicamente, tal como na Feria de San Fermin, as campanhas eleitorais ganham mais agitação.
Em Portugal, no corrente ano, três. Uma já lá vai. Depois de 15 de Agosto, começa o reboliço para o mais importante acto eleitoral, que condicionará a formação do Governo que terá de enfrentar enormes e complexos problemas.
O actual Governo está em desvantagem, pois com eleições no pico da crise, sofre mais do que os que as efectuaram um ou dois anos antes.
Temo que se assista à repetição de campanhas anteriores. Muitos cartazes. Fotos dos políticos acompanhados por jovens e idosos felizes. Bonitos slogans. Alguns com piadas de mau gosto. Muitos com promessas de mel. Nenhum com medidas de austeridade. A afluência aos comícios será uma luta entre a atracção da música pimba e o receio da gripe A. Muito berro da oposição a dizer mal de tudo o que o Governo fez, apesar de ter mexido em matérias que Governos anteriores não tiveram a ousadia de abordar.
Pouca explicação sobre acções para o futuro. Ruidosas arruaças. Vendedeiras das feiras a dizerem algumas verdades. O dr. Alberto a animar o Chão da Lagoa. Distribuição de T-shirts, canetas, saquinhos, muitos barretes e outras bugigangas. Da explicação serena, verdadeira e quantificada das indispensáveis medidas impopulares, pouco ficará.
José Sócrates tem apelado para que a campanha seja baseada em propostas. Alguns, maldosamente, chamaram-lhe promessas. Teve a coragem de dizer que não baixará impostos.
Por isso, seria preferível parte dos dinheiros das campanhas ser utilizado para produção de documentos e programas televisivos muito simples, com a identificação e comparação das propostas de cada partido. Sempre quantificadas. Nos objectivos. Nos custos. Nos meios materiais e humanos para lhes fazer face.

As promessas que enchem o olho, como décadas de democracia já provaram, basta uma aragem para as levar. Desse modo, os eleitores fariam a sua escolha de forma esclarecida e responsável, quanto ao que os espera. E não será, seguramente, música pimba.

NOTA DA REDACÇÃO- PARA OS QUE ME LÊEM FORA DE PORTUGAL A FAMIGERADA "musica pimba" É UMA INVENÇÃO DE, NÃO LHE POSSO CHAMAR MÚSICA, DE UM CONJUNTO DE ACORDES, BASICAMENTE 3 ACORDES QUE SÃO EXAUSTIVAMENTE REPETIDOS SEM IMAGINAÇÃO E ACOMPANHADOS POR COMPOSIÇÃO DE PALAVRAS QUE VERSAM OS TEMAS MAIS FUNESTOS, OS TAIS QUE NINGUÉM QUER SEQUER OUVIR FALAR, NORMALMENTE HISTÓRIAS MAL AMADAS, DE FACA E ALGUIDAR, MENAGES À TROIS E POR AI FORA...SE EU FOSSE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DESTE PAÍS ERA A PRIMEIRA MEDIDA QUE TOMAVA: ERRADICAR OS PIMBAS E AS PIMBAS DESTE PAÍS, REGRESSAR AO BOM FOLCLORE, AOS VIRAS E MALHÕES (que sempre fomos um povo ousado e corajoso...)E AOS CORRIDINHOS.E ADOPTAVA O SAMBA, CLARO, AS MORNAS, AS COLADERAS E O HINO NACIONAL TERIA UMA VERSÃO DE FADO ! TENHO DITO.

"De produndis" Miguelanxo Prado

estreia dia 30 em Portugal este poema animado, em BD, que nos conta a história de uma relação apaixonante de um pintor pelo mar.

Primeiro vertebrado nas árvores


in:DN; Lisboa, hoje

Há 260 milhões de anos, o 'Suminia get-manovi' começou a alimentar-se de folhas de árvores, aproveitando ainda para fugir aos predadores.

Antes de os dinossauros dominarem a Terra, um pequeno precursor dos mamíferos deixou o solo e passou a alimentar-se das folhas das árvores, aproveitando também para se esconder dos predadores. Dedos alongados, um polegar opositor e uma longa cauda fazem do Suminia getmanovi o mais antigo vertebrado a subir às árvores.

Pelo menos uma dúzia destes pequenos animais, que mediam 50 centímetros de comprimento, foram encontrados na região de Kirov, no centro da Rússia. "É relativamente raro encontrar vários animais presos num único bloco", disse Jörg Fröbisch, paleontólogo do Field Museum, em Chicago, responsável pela descoberta. "Temos exemplos de praticamente todos os ossos do seu corpo."

O Suminia getmanovi viveu no Paleozóico (há 260 milhões de anos), muito antes do momento em que se pensava que tivesse ocorrido a subida às árvores. "Foi uma surpresa, mas faz todo o sentido", indicou Fröbisch. "Era um novo nicho para os vertebrados. Havia comida disponível e evitavam os predadores no chão", concluiu, segundo o comunicado do Field Museum.

Este animal foi também o primeiro a mastigar as folhas antes de as engolir. Outros herbívoros limitavam-se a arrancá-las, aproveitando mal os seus nutrientes.


Detalhes das Generalidades

Falamos nas generalidades, mas vivemos nos detalhes.

O Portugal de "Especialistas"

NOVAS QUALIFICAÇÕES (CENTROS NOVAS OPORTUNIDADES)

Ø Especialista de Fluxos de Distribuição - (paquete)
Ø Supervisora Geral de Bem-Estar, Higiene e Saúde - (mulher da limpeza)
Ø Coordenador de Fluxos de Entradas e Saídas - (porteiro)
Ø Coordenador de Movimentações e Vigilância Nocturna - (segurança)
Ø Distribuidor de Recursos Humanos - (motorista de autocarro)
Ø Especialista em Logística de Combustíveis - (empregado da bomba
de gasolina)
Ø Assessor de Engenharia Civil - (trolha)
Ø Consultor Especialista em Logística Alimentar - (empregado de mesa)
Ø Técnico de Limpeza e Saneamento de Vias Públicas - (varredor)
Ø Técnica Conselheira de Assuntos Gerais - (cartomante/taróloga)
Ø Técnica em Terapia Masculina - (prostituta)
Ø Técnica Especialista em Terapia Masculina - (prostituta de luxo)
Ø Especialista em Logística de Produtos Químico-Farmacêuticos -(traficante de droga)
Ø Técnico de Marketing Direccionado - (vigarista)
Ø Coordenador de Fluxos de Artigos - (receptador de objectos roubados)
Ø Técnico Superior de Recolha de Artigos Pessoais - (carteirista)
Ø Técnico de Redistribuição de Rendimentos - (ladrão)
Ø Técnico Superior Especialista de Assuntos Específicos Não
Especializados - (político)
Ø José Sócrates - (engenheiro)

O fosso da riqueza-pobreza



Não consigo distinguir se a data do ticket é de Janeiro se de Abril, de qualquer jeito é de 2009, tempo declarado de crise. Nem que fosse o rei das Arábias (onde grassa muita miséria) reparem só no preço do pastelinho de nata e do arroz doce...
Tenho a certeza que os pastéis de nata (que eu sei que até são congelados) que eu compro no Modelo, quentinhos, estaladiços, prontos a morder SABEM muito, mas muito melhor. E a 0,38 cêntimos!!!
Para quem não sabe o restaurante Tavares é dos restaurantes mais caros de Lisboa. Ora, com pastelinhos de nata a € 15,75.......
De que serão feitos ????

Mitologia - "A Amamentação de Júpiter"


Contam os mitos mais antigos que Júpiter foi amamentado por uma cabra, e não por sua mãe Réia. A narrativa afirma que o pai de Júpiter, o Deus do Tempo, Saturno, engolia os filhos logo que nasciam. Saturno sabia, através de um oráculo, que seria destronado por um de seus filhos, tal qual ele próprio fizera, castrando e tirando seu pai Urano do trono.

Quando se aproximou o dia do nascimento de Júpiter, Réia refugiou-se na ilha de Creta e lá, secretamente, deu à luz o pai dos deuses e dos homens.
Temendo que Saturno descobrisse o paradeiro do filho mais novo, Réia entregou o menino ao cuidado das ninfas, entre as quais Ida, que o escondia numa caverna para que não o encontrassem.


Assim Júpiter cresceu, tendo como ama de leite a miraculosa cabra Amaltéia,

que em algumas versões era uma ninfa. Ninfa ou cabra, Amaltéia significa a terna, a generosa.
(tela de Nicolas Poussin, 1635-1637- "A Amamentação de Júpiter)

"O que podes fazer quando não te encaixas no Mundo?"


"Charlie Brown: O que podes fazer quando não te encaixas no mundo ? O que podes fazer quando a vida parece estar a passar por ti?
Lucy: Segue-me. Eu quero mostrar-te algo. Vês ali o horizonte ? Vês como este mundo é grande? Vês como há muito espaço para todos? Já viste outros mundos?
Charlie Brown: Não.
Lucy: Tanto quanto se sabe, este é o único mundo existe, certo?
Charlie Brown: Certo. Lucy: Não existem outros mundos para viveres, né?
Charlie Brown: Certo.

Lucy: Nasceste para viver neste mundo, né?
Charlie Brown: Certo.
Lucy: ENTÃO VIVE NELE, PORRA! Cinco centavos por favor. "
— Charles Schultz

terça-feira, julho 28, 2009

AÇORES , uma pequena amostra

"Women in art"

"A lei a Oeste de Pecos"

A cena repete-se mil vezes em "westerns" de segunda: enquanto o duvidoso xerife está noutro lugar, onde pode ser visto por todos, os capangas fazem uma espera aos "cowboys", atiram sobre eles e fogem a cavalo. É aquilo que, a Oeste de Pecos, se chama "dar-lhes uma lição que eles não esquecerão".
Para a Madeira ser, ante a olímpica impassibilidade da República (em especial do seu presidente, tão cioso noutras alturas da "dignidade das instituições") um verdadeiro faroeste faltava-lhe a pedagogia pistoleira. Já não falta. No domingo, enquanto Jardim e seus "deputies" festejavam no "saloon" do Chão da Lagoa de copo na mão e aos berros diante das câmaras embasbacadas das TV, três ou quatro pistoleiros emboscavam os seus adversários políticos, no caso do PND, e abatiam a tiro o zepelim com que se preparavam para sobrevoar o por assim dizer copioso evento. Se o país comercializasse turisticamente a Madeira como reserva de vida política selvagem ainda se justificava a despesa que aquilo dá. Doutro modo não se entende que o Orçamento de Estado continue a financiar ali um Carnaval aborígene permanente.

Manuel António Pina, JN-Lisboa, hoje

há 300 mil BISBIS na Madeira

Li, no Diário Notícias local, que há 300 mil Bisbis na Madeira, segundo o resultado de um censo da Sociedade portuguesa para o estudo das Aves.
O nome científico deste ternurento pássaro é "regulus madeirensis", sendo uma espécie endémica da Madeira. Diz ainda o referido estudo que há cerce de 6,9 aves por hectare sendo o seu habitat entre os 400 e 800m de altitude.

O "meu" bisbis é um dos 4 simpáticos recenceados no meu quintal. Este, da foto, esteve na minha varanda, depois de encher o papo de bicinhos na terra, quase entrando dentro de casa. É uma ave saltitante, sempre num movimento de corpo oscilante, como se vivesse embalada, muito colorida e que adora água. Partilho-a connvosco...

A idade de ser Feliz - Mario Quintana

arte - "The Eternal Idol" - Auguste RODIN


Paris, 1840 - Meudon, 1917
Auguste Rodin tornou-se um dos mais destacados escultores do século XIX, tendo o seu trabalho rompido com as fórmulas rígidas e 0 estilo da escultura académica, introduzindo nessa Arte um sentido novo de energia, imaginação e criatividade.
O objectivo primordial de Rodin era o corpo humano, que ele usava como um instrumento para exprimir emoção e movimento, e não apenas com o propósito de um estudo anatómico
Suas imagens apresentam grande força, delicadeza e erotismo, e "The Eternal Idol", em particular, destaca a plena realização de Rodin na sensualidade da forma humana. Há uma percepção de formas flexíveis e fluídas fundindo-se nessa sensualidade.
Há, também, uma impressão de reverência pelo corpo feminino, quando a imagem masculina ajoelha-se beijando seu amor ternamente sobre o coração. As duas imagens em "The Eternal Idol " expressam absorção completa um no outro. Para Rodin essa intimidade era como um acto de adoração.
Rodin esculpiu várias versões de "The Eternal Idol", em tamanhos e materiais diversos.
Rodin disse: "O que é essencial é emocionar-se, amar, ter esperança, vibrar, viver. Ser um homem antes de ser um artista!"

segunda-feira, julho 27, 2009

"A Palavra"


É uma ilusão supor que podemos adoptar, em directo, o ponto de vista de Deus e, a partir daí, distinguir o que é humano e o que é divino, como se fôssemos entidades que os transcendem e os fiscalizam. As consequências dessa ilusão manifestam-se quando seres humanos colocam na boca de Deus aquilo que eles dizem e escrevem como se fosse o próprio Deus a dizer e a escrever. A Bíblia está cheia de declarações desse teor. Por vezes, o que é posto na boca de Deus só ficava bem na boca do Diabo. Quem assim faz, pensando glorificar a Deus, está a ofendê-lo e a tornar impossível reconhecê-lo como a verdade e a beleza do amor infinito. Por outro lado, quando se tomam as afirmações bíblicas como ditados divinos, perde-se, irremediavelmente, o sentido da transcendência de Deus e dos ziguezagues da história humana.

Frei Bento Domingues, Público, 30/11/2008

A palavra

subida do nível dos Oceanos

O nível dos oceanos poderá subir de 7 a 82 centímetros até 2100 devido ao aquecimento climático, ameaçando regiões baixas na Holanda, Bangladesh e pequenas ilhas oceânicas, segundo um novo estudo hoje publicado. Os resultados da investigação, publicada na edição de Julho da revista Nature Geoscience, confirmam globalmente o intervalo de previsões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), com sede em Genebra. "Uma subida de 50 centímetros seria muito perigosa para o Bangladesh e todas as regiões situadas a baixa altitude", afirma o autor do estudo, Mark Siddall, do departamento de Ciências da Terra da Universidade de Bristol. Mas "50 centímetros são uma média, já que localmente a subida poderá chegar a um metro ou mais", adverte. Num relatório publicado em 2007, os peritos do IPCC previram um aumento do nível dos oceanos de 18 a 59 centímetros, ou mesmo 76 centímetros tendo em conta o degelo dos glaciares e da banquisa, segundo cenários que prevêem uma subida das temperaturas de 1,1 a 6,4 graus Celsius até 2100. Basta o aquecimento da água do mar para aumentar o seu volume, mesmo sem incluir a fusão das massas de gelo, cujo impacto na subida do nível dos oceanos foi estimado em 17 centímetros pelos mesmos peritos.A equipa de Mark Siddall usou dados fornecidos por corais fósseis e amostras de calotes glaciares para elaborar um modelo da evolução do nível dos mares durante os últimos 22 mil anos. Os investigadores chegaram a conclusões semelhantes às do IPCC através de uma abordagem diferente, "o que reforça a confiança com que se pode interpretar os resultados do IPCC", sublinha Siddall. "O nosso modelo indica que o impacto no nível dos mares do aquecimento no século XX prosseguirá durante numerosos séculos no futuro e constituirá por conseguinte um componente importante das alterações climáticas", concluiu.

in: DN; Lisboa

resolve o enigma.... :)


Estás a conduzir um carro e manténs uma velocidade constante.
Do teu lado esquerdo encontra-se um cisne enorme.
Do lado direito um grande carro de bombeiros, que mantém uma velocidade idêntica à tua.
À tua frente galopa um cavalo, que é bem mais alto do que o teu carro, e tu não consegues ultrapassá-lo.
Atrás de ti vem um helicóptero rente ao chão.
Tanto o cavalo como o helicóptero mantêm uma velocidade idêntica à tua.
O que fazes para sair desta situação em segurança?




Pensa um bem... A resposta está mais abaixo...


Resposta:


SAIS DO CARROSSEL E PARAS DE BEBER,

PORQUE O ÁLCOOL ESTÁ A DAR CABO DE TI!!!

Para sorrir...."um espelho em África"

Um negro deixa a mulher na palhota vai à aldeia mais próxima.
Numa montra vê, pela primeira vez, um espelho e diz:
- É pá este loja tem ritrato di meu Pai.
Entra na loja, compra o espelho e vai a correr para a palhota mostrar "ritrato do Pai " à mulher. Quando chega a casa não vê a mulher. Pousa o espelho e volta a sair. Entretanto a mulher chega e vê o espelho. Sai a correr e vai até à palhota da sua mãe aos berros. Diz então:
- Mãããeeee, marrido tem ritrato de amanti no palhota. Marrido anda enganando a mim.
A mãe sai furiosa da sua palhota com a filha e vão as duas ver retrato da amante.
Quando a mãe vê o espelho diz:
- xxxiiiii!..., inda por cima os puta é velha pá!...

(recebida por email)

"Peca sem dor" - Nancy Vieira

Para ouvir repetidamente


Qual é a maior palavra da língua portuguesa?


Quando eu era miúda a maior palavra era:
PARALELIPÍPEDO

Depois passou para:
OFTALMOTORRINOLARINGOLOGISTA (28 letras)
ou
INCONSTITUCIONALISSIMAMENTE (27 letras)

Pois bem, hoje descobri que a maior palavra é...

PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANONOCONIÓTICO (se não me enganei, 46 letras)
e o que é que este grandessíssimo palavrão significa?

"quer dizer o estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas."

recebido por email

domingo, julho 26, 2009

Museu das Cuecas abre em Bruxelas



Por enquanto não há, ainda, objectos verdadeiros, mas só pinturas, do género Hitler com as cuecas enfiadas na cabeça. Sarkozy com um slip tricolor ao jeito tricórnio de Napoleão e as ceroulas Mickey de Michael Jackson, mas Jan Bucquoy quer muito mais. "Em cuecas todas as pessoas são iguais.", diz. Pretende mudar o museu para Paris no próximo Outono e deseja ter roupa interior original de Carla Bruni, de Ahmadinejad e do Papa.(In: Revista Sàbado)

NOTA DA REDACÇÃO - A IMAGEM DA ESQUERDA É ORIGINAL DO MUSEU DAS CUECAS. A DA DIREITA É A MINHA HUMILDE CONTRIBUIÇÃO PARA ESSE MUSEU. ESTÃO AGORA JUSTIFICADAS AS INÚMERAS E SECRETAS VIAGENS DO DR. ALBERTO JOÃO A BRUXELAS...FOI, IN LOCO, VERIFICAR SE A SUA IMAGEM JÁ ESTARIA ESTAMPADA...

Vaticano perdoou Oscar Wilde


A redenção tardou mas chegou: mais de um século depois da sua morte a Igreja Católica reconheceu o valor literário e humano do escritor Oscar Wilde. "Foi um analista lúcido da modernidade(...)que não pode ser reduzido a um ícone do mundo gay", escreveu o jornal oficial do Vaticano, L'Observatore Romano.
Wilde só se converteu definitivamente ao catolicismo perto do fim da vida.No dia em que morreu, foi o seu primeiro amante, Robbie Ross, quem chamou um padre para o baptizar e lhe dar a extrema unção. (IN: Sábado)

NOTA DA REDACÇÃO - COMO PODE SER A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA TÃO PONDERADA PARA ANALISAR SITUAÇÕES DESTE TIPO NUM SÉCULO E NÃO VER O QUE SE PASSA NO PRESENTE, À FRENTE DO NARIZ DE TODOS NÓS, COM A CONFISSÃO DE PADRES HOMOSSEXUAIS OU COM A SUA DELAÇÃO PELAS VÍTIMAS. PRECISARÁ DE UM SÉCULO PARA AVALIAR, RECONHECER E ADMITIR?

a gripe laranja...

para os portugueses de memória curta...

in : OPINIÃO - Jornal de Notícias, JOSÉ LEITE PEREIRA 26 de Julho 2009

"...P.S.: Quem sempre vê em declarações de Cavaco críticas profundas ao Governo, que dirá das suas declarações a um jornal austríaco sobre o défice português, afinal igual ao de outros países da Zona Euro? Depois desta afirmação, que cabimento ainda têm as dúvidas de Manuela Ferreira Leite?"

apontamentos...

(...)a resignação passiva, por ensurdecimento progressivo do ser, é o falhar completo e sem remédio. Mas os revoltados (…) aqueles que se cortam no ar e nos seus próprios gestos, são a honra da condição humana. Eles são aqueles que não aceitaram a imperfeição. E por isso a sua alma é como um grande deserto sem sombra e sem frescura onde o fogo arde sem se consumir.(...)»

Sophia de Mello Breyner, Contos Exemplares

vai chamar pai o outro...!

Dia dos Avós

No calendário litúrgico, hoje comemora-se o dia de Santa Ana e de S. Joaquim, avós de Jesus.
Há alguns anos começou a festejar-se neste dia, o Dia dos Avós, tendo como intuito destacar e incentivar o papel dos avós no seio da família. Afinal de contas, os avós são pais duas vezes.

Neste dia, lembro-me dos meus avós já desaparecidos e sinto uma enorme saudade, mas por outro lado, fui contemplada com uma neta que me enche de alegria.A Marta.
A todos os avós como eu, desejo um dia muito feliz na companhia dos seus netos.
A todos aqueles que têm a sorte de ainda terem vivos os seus avós, desejo também um feliz dia junto deles.
E para todos os Avós que sentem, neste e nos outros dias, a solidão, o desamparo, o desamor, o meu pensamento solidário.

ELiseevskiy, o melhor supermercado do mundo!















Parece o palácio do Czar, em Eliseevskiy encontra-se os artigos mais improváveis, de toda a parte do mundo!

Optimismo e Esperança

OPTIMISMO E ESPERANÇA não são a mesma coisa.
Optimismo é a crença de que o mundo está a mudar para melhor; esperança é a certeza de que, juntos, nós podemos fazer o mundo melhor.
Optimismo é uma virtude passiva; esperança é uma virtude activa. Não é preciso ter coragem para ser optimista, mas é preciso ser muito corajoso para ter esperança.
A Bíblia hebraica não é um livro optimista.
Mas é uma grandiosa literatura sobre a esperança.

Rabino Jonathan Sacks, in: "
Para curar um mundo fracturado - a ética da responsabilidade"

Torre de S. Vicente de Belém - Lisboa


A Torre de Belém foi construída em homenagem ao santo patrono de Lisboa, S. Vicente, no local onde se encontrava ancorada a Grande Nau, que cruzava fogo com a fortaleza de S. Sebastião.

O novo baluarte perpetuou assim, e em pedra, essa estrutura de madeira. O arquitecto da obra foi Francisco de Arruda, que iniciou a construção em 1514 e a finalizou em 1520, ao que tudo indica sob a orientação de Boitaca. Como símbolo de prestígio real, a decoração ostenta a iconologia própria do Manuelino, conjugada com elementos naturalistas.

Ao longo dos tempos foram efectuadas algumas intervenções que finalizaram com os restauros oitocentistas nas ameadas, no varandim do baluarte, no nicho da Virgem virada para o rio, e no próprio claustrim onde assenta.

Funcionalmente a Torre de Belém revela o ecletismo que caracteriza as obras em que D. Manuel interveio pessoalmente e lhe estavam mais próximas. Assim, a função militar está reservada ao baluarte propriamente dito, que avança sobre as águas do rio em três pisos (andar subterrâneo, nave do baluarte e terraço). Os registos da torre são reservados a outras funções, como as de carácter administrativo (sala do Governador e Sala das Audiências), palatino (Sala dos Reis) e mesmo cultual (capela no último piso).

Texto: Sílvia Leite / IPPAR

sábado, julho 25, 2009

um minuto de prazer

Mitologia LEDA

LEDA - Leonardo da Vinci

Leda era mulher de Tíndaro, rei de Esparta. Foi amada por Júpiter, que tomou a forma de cisne para conquistá-la. Mãe de dois pares de gêmeos: Castor e Pólux , Helena e Clitemnestra.

LEDA - Michaelangelo




arte -"O Cristo Amarelo" Paul GAUGUIN

Essa obra (1889) é uma das mais famosas pinturas de Paul Gauguin. Nela, o artista retrata o Calvário de uma aldeia perto de Pont-Aven, rodeado de bretões curiosamente representados.
A paisagem da Bretanha, sob o pincel de Gauguin torna-se mais colorida: o Cristo e a paisagem são amarelos e as copas das árvores avermelhadas. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície quase decorativamente e seu uso arbitrário opõe-se a qualquer naturalismo.

Gauguin pintou muitos auto-retratos; aqui o rosto de Cristo tem a sua fisionomia.

Amar corpos imperfeitos


Amar a imperfeição num tempo e num mundo que valoriza excessivamente a beleza, a forma física e a juventude estupidamente eterna é como amar em dobro. Não há nada de frívolo no amor dos que se amam na imperfeição. Falo de pessoas com handicaps físicos mas também dos que têm muito peso a mais ou a menos e, ainda, dos que atravessam doenças e sofrimentos que de alguma forma os desfiguram ou lhes distorcem a imagem.
Falo especialmente de corpos que não se enquadram nos padrões de beleza nem afinam pelo diapasão moderno e afinado dos ginásios.
Conheço vários casais que se amam no essencial e não se desperdiçam no acessório. Uns andam em cadeira de rodas, outros ficaram sem cabelo, outros ainda engordaram ou emagreceram demais devido aos cocktails de químicos que tomam para vencer a doença. Impressiona-me sempre a força e a substância deste amor. Na noite em que fui um bocado contrariada ao concerto dos Eagles (preferia a Katie Melua) fiquei atrás de um casal especial. Ela em cadeira de rodas e ele, um rapaz com ar de jogador de rugby, de joelhos ao seu lado, para estar à sua altura. Ele não parou de dançar naquela posição improvável e, de vez em quando, abraçava-a pela cintura e dava-lhe beijos apaixonados. Apaixonantes.

Laurinda Alves, jornalista - in: jornal i, hoje

Aviso de porta de livraria


"Não leiam delicados este livro,
sobretudo os heróis do palavrão doméstico,
as ninfas machas, as vestais do puro,
os que andam aos pulinhos num pé só,
com as duas castas mãos uma atrás e outra adiante,
enquanto com a terceira vão tapando a boca
dos que andam com dois pés sem medo das palavras.

E quem de amor não sabe fuja dele:
qualquer amor desde o da carne àquele
que só de si se move, não movido
de prémio vil, mas alto e quase eterno.
De amor e de poesia e de ter pátria
aqui se trata: que a ralé não passe
este limiar sagrado e não se atreva
a encher de ratos este espaço livre
onde se morre em dignidade humana
a dor de haver nascido em Portugal
sem mais remédio que trazê-lo n'alma."


Jorge de Sena

sexta-feira, julho 24, 2009

Última hora


a dra. Manuela Ferreira Leite faltou aos seus compromissos partidários, hoje, por estar com gripe. Estará a ensaiar uma desculpa para não vir aturar jardinices este fim de semana ou será já a gripe A?

Pensamento do dia

"Se cada um de nós tivesse para si uma percepção sensível diferente, poderíamos por nós mesmos perceber ora como pássaro, ora como verme, ora como planta"

Nietzsche. "Sobre verdade e mentira no sentido extramoral"

Heróis Medievais - O Alcaide-mor de Faria, Nuno Gonçalves



A breve distância da vila de Barcelos, nas faldas do Franqueira, alveja ao longe um convento de franciscanos. Aprazível é o sítio, sombreado de velhas árvores. Sentem-se ali o murmurar das águas e a bafagem suave do vento, harmonia da natureza, que quebra o silêncio daquela solidão — a qual, para nos servirmos de uma expressão de Frei Bernardo de Brito — com a saudade de seus horizontes parece encaminhar e chamar o espírito à contemplação das coisas celestes.
O monte que se alevanta ao pé do humilde convento é formoso, mas áspero e severo, como quase todos os montes do Minho. Da sua coroa descobre-se ao longe o mar, semelhante a mancha azul entornada na face da terra. O espectador colocado no cimo daquela eminência volta-se para um e outro lado, e as povoações e os rios, os prados e as fragas, os soutos e os pinhais apresentam-lhe o panorama variadíssimo que se descobre de qualquer ponto elevado da província de Entre-Douro e Minho.
Este monte, ora ermo, silencioso, e esquecido, já se viu regado de sangue; já sobre ele se ouvira
m gritos de combatentes, ânsias de moribundos, estridor de habitações incendiadas, sibilar de setas e estrondo de máquinas de guerra. Claros sinais de que aí viveram homens, porque é com estas balizas que eles costumam deixar assinalados os sítios que escolheram para habitar na terra.
O Castelo de Faria, com suas torres e ameias, com sua barbacã e fosso, com seus postigos e alçapões ferrados, campeou aí como dominador dos vales vizinhos. Castelo real da Idade Média, a sua origem some-se nas trevas dos tempos que já lá vão há muito. Mas a febre lenta que costuma devorar os gigantes de mármore e de granito, o tempo, coou-lhe pelos membros, e o antigo alcácer das eras dos reis de Leão desmoronou-se e caiu.
Ainda no século XVII parte da sua ossada estava dispersa por aquelas encostas. No século seguinte já nenhuns vestígios dele restavam, segundo o testemunho de um historiador nosso. Um eremitério, fundado pelo célebre Egas Moniz, era o único eco do passado que aí restava. Na ermida servia de altar uma pedra trazida de Ceuta pelo primeiro duque de Braga
nça, dom Afonso. Era esta lájea a mesa em que costumava comer Salat-ibn-Salat, último senhor de Ceuta. Dom Afonso, que seguira seu pai dom João I na conquista daquela cidade, trouxe esta pedra entre os despojos que lhe pertenceram, levando-a consigo para a vila de Barcelos, cujo conde era. De mesa de banquetes mouriscos converteu-se essa pedra em ara do cristianismo. Se ainda existe, quem sabe qual será o seu futuro destino?
Serviram os fragmentos do Castelo de Faria para se construir o convento edificado ao sopé do monte. Assim se converteram em dormitórios as salas de armas, as ameias das torres em bordas
de sepulturas, os umbrais das balhesteiras e postigos em janelas claustrais. O ruído dos combates calou no alto do monte, e nas faldas dele alevantaram-se a harmonia dos salmos e o sussurro das orações.
Este antigo castelo tinha recordações de glória. Os nossos maiores, porém, curavam mais de praticar façanhas do que de conservar os monumentos delas. Deixaram, por isso, sem remorsos, sumir nas paredes de um claustro pedras que foram testemunhas de um dos mais heróicos feitos de corações portugueses.
Reinava entre nós dom Fernando. Este príncipe, que tanto degenerava de seus antepassados em valor e
prudência, fora obrigado a fazer paz com os castelhanos, depois de uma guerra infeliz, intentada sem justificados motivos, e em que se esgotaram inteiramente os tesouros do Estado. A condição principal, com que se pôs termo a esta luta desastrosa, foi que dom Fernando casasse com a filha d’el-Rei de Castela. Mas brevemente a guerra se acendeu de novo; porque dom Fernando, namorado de dona Leonor Teles, sem lhe importar o contrato de que dependia o repouso dos seus vassalos, a recebeu por mulher, com afronta da princesa castelhana. Resolveu-se o pai a tomar vingança da injúria, ao que o aconselhavam ainda outros motivos. Entrou em Portugal com um exército e, recusando dom Fernando aceitar-lhe batalha, veio sobre Lisboa e cercou-a. Não sendo o nosso propósito narrar os sucessos deste sítio, volveremos o fio do discurso para o que sucedeu no Minho.
O adiantado de Galiza, Pedro Rodriguez Sarmento, entrou pela província de Entre-Douro e Minho co
m um grosso corpo de gente de pé e de cavalo, enquanto a maior parte do pequeno exército português trabalhava inutilmente ou por defender ou por descercar Lisboa. Prendendo, matando e saqueando, veio o adiantado até às imediações de Barcelos, sem achar quem lhe atalhasse o passo; aqui, porém, saiu-lhe ao encontro dom Henrique Manuel, conde de Seia e tio d’el Rei dom Fernando, com a gente que pôde ajuntar. Foi terrível o conflito; mas, por fim, foram desbaratados os portugueses, caindo alguns nas mãos dos adversários.
Entre os prisioneiros contava-se o alcaide-mor do Castelo de Faria, Nuno Gonçalves. Saíra este com alguns soldados para socorrer o conde de Seia, vindo, assim, a ser companheiro na comum desgraça. Cativo, o valoroso alcaide pensava em como salvaria o castelo d’el-Rei seu senhor das mãos dos inimigos. Governava-o em sua ausência um seu filho, e era de crer que, vendo o pai em ferros, de bom grado desse a fortaleza para o libertar, muito mais quando os meios de defesa escasseavam. Estas considerações sugeriram um ardil a Nuno Gonçalves. Pediu ao adiantado que o mandasse conduzir ao pé dos muros do castelo, porque ele, com suas exortações, faria com que o filho o entregasse, sem derramamento de sangue.
Um troço de besteiros e de homens de armas subia a encosta do monte da Franqueira, levando no meio de si o bom alcaide Nuno Gonçalves. O adiantado de Galiza seguia atrás com o grosso d
a hoste, e a costaneira ou ala direita, capitaneada por João Rodriguez de Viedma, estendia-se, rodeando os muros pelo outro lado. O exército vitorioso ia tomar posse do Castelo de Faria, que lhe prometera dar nas mãos o seu cativo alcaide.
De roda da barbacã alvejavam as casinhas da pequena povoação de Faria, mas silenciosas e ermas. Os seus habitantes, apenas enxergaram ao longe as bandeiras castelhanas, que esvoaçavam soltas ao vento, e viram o refulgir cintilante das armas inimigas, abandonando os seus la
res, foram acolher-se no terreiro que se estendia entre os muros negros do castelo e a cerca exterior ou barbacã.
Nas torres, os atalaias vigiavam atentamente a campanha, e os almocadéns corriam com a rolda pelas quadrelas do muro e subiam aos cubelos colocados nos ângulos das muralhas. O terreiro onde se haviam acolhido os habitantes da povoação estava coberto de choupanas colmadas, nas quais se abrigava a turba dos velhos, das mulheres e das crianças, que ali se julgava
m seguros da violência de inimigos desapiedados.
Quando o troço dos homens de armas que levavam preso Nuno Gonçalves vinha já a pouca distância da barbacã, os besteiros que coroavam as ameias encurvaram as bestas, os homens dos engenhos prepararam-se para arrojar sobre os contrários as suas quadrelas e virotões, enquanto o clamor e o choro se alevantavam no terreiro, onde o povo inerme estava apinhado.
Um arauto saiu do meio da gente da vanguarda inimiga e caminhou para a
barbacã, todas as bestas se inclinaram para o chão, e o ranger das máquinas converteu-se num silêncio profundo.
— Moço alcaide, moço alcaide! — bradou o arauto — teu pai, cativo do mui nobre Pedro Rodriguez Sarmento, adiantado de Galiza pelo mui excelente e temido dom Henrique de Castela, deseja falar contigo, de fora do teu castelo.
Gonçalo Nunes, o filho do velho alcaide, atravessou então o terreiro, e chegando à barbacã, disse ao arauto:
— A Virgem proteja meu pai. Dizei-lhe que eu o espero.
O arauto voltou ao grosso de soldados que rodeavam Nuno Gonçalves, e depois de breve demora o tropel aproximou-se da barbacã. Chegados ao pé dela, o velho guerreiro saiu dentre seus guardadores e falou com o filho:
— Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castelo que, segundo regimento de guerra, entreguei à tua guarda quando vim em socorro e ajuda do esforçado conde de Seia?
— É — respondeu Gonçalo Nunes — de nosso rei e senhor dom Fernando de Portugal, a quem por ele fizest
e preito e menagem.
— Sabes tu, Gonçalo Nunes, que o dever de um alcaide é de nunca entregar, por nenhum caso, o seu castelo a inimigos, embora fique enterrado debaixo das ruínas dele?
— Sei, ó meu pai! — prosseguiu Gonçalo Nunes em voz baixa, para não ser ouvido dos castelhanos, que começavam a murmurar.
— Mas não vês que a tua morte é certa, se os inimigos percebem que me aconselhaste a resistência?
Nuno Gonçalves, como se não tivera ouvido as reflexões do filho, clamou então:
— Pois se o sabes, cumpre o teu dever, alcaide do Castelo de Faria! Maldito por mim, sepulta
do sejas tu no inferno, como Judas o traidor, na hora em que os que me cercam entrarem nesse castelo, sem tropeçarem no teu cadáver.
— Morra! — gritou o almocadén castelhano.
— Morra o que nos atraiçoou.
E Nuno Gonçalves caiu no chão, atravessado de muitas espadas e lanças.
— Defende-te, alcaide! — foram as últimas palavras que ele murmurou.
Gonçalo Nunes corria como louco ao redor da barbacã, clamando vingança. Uma nuvem de frechas partiu do alto dos muros; grande porção dos assassinos de Nuno Gonçalves misturaram o próprio sangue com o sangue do homem leal ao seu juramento.
Os castelh
anos acometeram o castelo; no primeiro dia de combate o terreiro da barbacã ficou alastrado de cadáveres tisnados e de colmos e ramos reduzidos a cinzas. Um soldado de Pedro Rodriguez Sarmento tinha sacudido com a ponta da sua longa chuça um colmeiro incendiado para dentro da cerva; o vento suão soprava nesse dia com violência, e em breve os habitantes da povoação, que haviam buscado o amparo do castelo, pereceram juntamente com as suas frágeis moradas.
Mas Gonçalo Nunes lembrava-se da maldição de seu pai. Lembrava-se de que o vira moribundo no meio dos seus matadores, e ouvia a todos os momentos o último grito do bom Nuno Gonçalves: "Defende-te, alcaide!"
O orgulhoso Sarmento viu a sua soberba abatida diante dos torvos muros do Castelo de Faria. O moço alcaide defendia-se como um leão, e o exército castelhano foi constrangido a levantar o cerco.
Gonçalo Nunes, acabada a guerra, era altamente louvado pelo seu brioso procedimento e pelas façanhas que obrara na defesa da fortaleza cuja guarda lhe fora encomendada por seu pai no último transe da vida. Mas a lembrança do horrível sucesso estava sempre presente no espírito do moço alcaide. Pedindo a el-Rei o desonerasse do cargo que tão bem desempanhara, foi depor ao pé dos altares a cervilheira e o saio de cavaleiro, para se cobrir com as
vestes pacíficas do sacerdócio. Ministro do santuário, era com lágrimas e preces que ele podia pagar a seu pai o ter coberto de perpétua glória o nome dos alcaides de Faria.
Mas e
sta glória, não há hoje aí uma única pedra que a ateste. As relações dos historiadores foram mais duradouras que o mármore.

(Alexandre Herculano, "Lendas e Narrativas")