sexta-feira, julho 31, 2009
o fio de um cabelo
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA Madeira, 1965
Acesso ao ensino Superior sem ensino médio
Amor / Arte / Amor /Arte
O amor não é....
Isso chama-se extraterrestre.
in: net
quinta-feira, julho 30, 2009
Pedido, para esclarecer a minha curiosidade feminina
O sítio onde moro....
É aqui que eu vivo, entre verdes, ventos, sóis e nevoeiros. Aqui criei raízes ao construir a casa, aqui liguei cordões umbilicais ao ter os filhos e ao aqui viver mais de metade da minha vida e aqui quero continuar. As gentes são boas, porque, como dizia uma ex-vizinha minha, a Tia Jacinta dona de oito décadas de sabedoria, "o mundo é composto com tudo - tem de haver tontos e sabidos". E eu, filha adoptiva da terra, tanto sou tonta como sabida! E todos os dias aprendo, todos os dias há coisas novas a arrecadar.São generosas, agradáveis.
E vem isto a propósito da fotografia que ilustra o texto: um caixote de ameixas.
Ontem, porque o meu marido foi colher amoras de silvado para fazer o doce caseiro, quando fui comprar o açúcar perguntaram-me se era para doce de ameixa. Disse que era para o de amora, pois não tinha ameixas e a resposta foi pronta:"deixe estar que eu arranjo-lhe umas amexinhas". Cá estão,em quantidade industrial para uma casa de família pequena (que eu vou ter de repartir) túrgidas e cheirosas, de polpa e sumo, num convite à prova imediata. Deleitem-se, mas não babem; chamam-lhe, por cá, "ameixas pêssegas"!
"Sombras"
"e tudo era possivel" - Ruy Belo
"Na minha juventude antes de ter saído
Chegava o mês de maio era tudo florido
E tudo se passava numa outra vida
Só sei que tinha o poder de uma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer."
(in Homem de Palavra[s]
Lisboa, Editorial Presença, 1999, 5ª ed.)
Sombra
Não perguntem nada: nós estamos dentro
Do aro de frio, no frio do muro,
Tão longe, tão longe da feira do Tempo!
Não perguntem nada.
Nós estamos mudos.
Puseram açaimes nas ventas do vento,
Ergueram açudes nas águas do mar...
Não perguntem nada: nós estamos dentro,
Ou fora de tudo.
Não perguntem nada.
Tumulto na estrada? O bicho na concha.
Miséria na casa? O farol na montra.
Não perguntem nada, não perguntem nada:
há sempre gládios e ríspida sombra.
Não perguntem nada: as razões são longas.
Não perguntem nada: as razões são tristes.
Não perguntem nada: nós estamos contra.
E talvez perdidos.
E talvez perdidos. ..
David Mourão Ferreira
quarta-feira, julho 29, 2009
"ouvir as estrelas (via Láctea)" Olavo Bilac
Ora direis ouvir estrelas!
Certo
Perdeste o senso"!
E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora!
"Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido Tem o que dizem,
quando estão contigo?"
E eu vos direi:
"Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".
Olavo Bilac (1865-1918)
"Campanha eleitoral e música pimba"
8:00 Quarta-feira, 29 de Jul de 2009
Não cansados por esta desgastante actividade, periodicamente, tal como na Feria de San Fermin, as campanhas eleitorais ganham mais agitação.
Em Portugal, no corrente ano, três. Uma já lá vai. Depois de 15 de Agosto, começa o reboliço para o mais importante acto eleitoral, que condicionará a formação do Governo que terá de enfrentar enormes e complexos problemas.
O actual Governo está em desvantagem, pois com eleições no pico da crise, sofre mais do que os que as efectuaram um ou dois anos antes.
Temo que se assista à repetição de campanhas anteriores. Muitos cartazes. Fotos dos políticos acompanhados por jovens e idosos felizes. Bonitos slogans. Alguns com piadas de mau gosto. Muitos com promessas de mel. Nenhum com medidas de austeridade. A afluência aos comícios será uma luta entre a atracção da música pimba e o receio da gripe A. Muito berro da oposição a dizer mal de tudo o que o Governo fez, apesar de ter mexido em matérias que Governos anteriores não tiveram a ousadia de abordar.
Pouca explicação sobre acções para o futuro. Ruidosas arruaças. Vendedeiras das feiras a dizerem algumas verdades. O dr. Alberto a animar o Chão da Lagoa. Distribuição de T-shirts, canetas, saquinhos, muitos barretes e outras bugigangas. Da explicação serena, verdadeira e quantificada das indispensáveis medidas impopulares, pouco ficará.
José Sócrates tem apelado para que a campanha seja baseada em propostas. Alguns, maldosamente, chamaram-lhe promessas. Teve a coragem de dizer que não baixará impostos.
Por isso, seria preferível parte dos dinheiros das campanhas ser utilizado para produção de documentos e programas televisivos muito simples, com a identificação e comparação das propostas de cada partido. Sempre quantificadas. Nos objectivos. Nos custos. Nos meios materiais e humanos para lhes fazer face.
As promessas que enchem o olho, como décadas de democracia já provaram, basta uma aragem para as levar. Desse modo, os eleitores fariam a sua escolha de forma esclarecida e responsável, quanto ao que os espera. E não será, seguramente, música pimba.
NOTA DA REDACÇÃO- PARA OS QUE ME LÊEM FORA DE PORTUGAL A FAMIGERADA "musica pimba" É UMA INVENÇÃO DE, NÃO LHE POSSO CHAMAR MÚSICA, DE UM CONJUNTO DE ACORDES, BASICAMENTE 3 ACORDES QUE SÃO EXAUSTIVAMENTE REPETIDOS SEM IMAGINAÇÃO E ACOMPANHADOS POR COMPOSIÇÃO DE PALAVRAS QUE VERSAM OS TEMAS MAIS FUNESTOS, OS TAIS QUE NINGUÉM QUER SEQUER OUVIR FALAR, NORMALMENTE HISTÓRIAS MAL AMADAS, DE FACA E ALGUIDAR, MENAGES À TROIS E POR AI FORA...SE EU FOSSE PRESIDENTE DA REPÚBLICA DESTE PAÍS ERA A PRIMEIRA MEDIDA QUE TOMAVA: ERRADICAR OS PIMBAS E AS PIMBAS DESTE PAÍS, REGRESSAR AO BOM FOLCLORE, AOS VIRAS E MALHÕES (que sempre fomos um povo ousado e corajoso...)E AOS CORRIDINHOS.E ADOPTAVA O SAMBA, CLARO, AS MORNAS, AS COLADERAS E O HINO NACIONAL TERIA UMA VERSÃO DE FADO ! TENHO DITO.
"De produndis" Miguelanxo Prado
Primeiro vertebrado nas árvores
in:DN; Lisboa, hoje
Há 260 milhões de anos, o 'Suminia get-manovi' começou a alimentar-se de folhas de árvores, aproveitando ainda para fugir aos predadores.
Antes de os dinossauros dominarem a Terra, um pequeno precursor dos mamíferos deixou o solo e passou a alimentar-se das folhas das árvores, aproveitando também para se esconder dos predadores. Dedos alongados, um polegar opositor e uma longa cauda fazem do Suminia getmanovi o mais antigo vertebrado a subir às árvores.
Pelo menos uma dúzia destes pequenos animais, que mediam 50 centímetros de comprimento, foram encontrados na região de Kirov, no centro da Rússia. "É relativamente raro encontrar vários animais presos num único bloco", disse Jörg Fröbisch, paleontólogo do Field Museum, em Chicago, responsável pela descoberta. "Temos exemplos de praticamente todos os ossos do seu corpo."
O Suminia getmanovi viveu no Paleozóico (há 260 milhões de anos), muito antes do momento em que se pensava que tivesse ocorrido a subida às árvores. "Foi uma surpresa, mas faz todo o sentido", indicou Fröbisch. "Era um novo nicho para os vertebrados. Havia comida disponível e evitavam os predadores no chão", concluiu, segundo o comunicado do Field Museum.
Este animal foi também o primeiro a mastigar as folhas antes de as engolir. Outros herbívoros limitavam-se a arrancá-las, aproveitando mal os seus nutrientes.
O Portugal de "Especialistas"
Ø Especialista de Fluxos de Distribuição - (paquete)
Ø Supervisora Geral de Bem-Estar, Higiene e Saúde - (mulher da limpeza)
Ø Coordenador de Fluxos de Entradas e Saídas - (porteiro)
Ø Coordenador de Movimentações e Vigilância Nocturna - (segurança)
Ø Distribuidor de Recursos Humanos - (motorista de autocarro)
Ø Especialista em Logística de Combustíveis - (empregado da bomba de gasolina)
Ø Assessor de Engenharia Civil - (trolha)
Ø Consultor Especialista em Logística Alimentar - (empregado de mesa)
Ø Técnico de Limpeza e Saneamento de Vias Públicas - (varredor)
Ø Técnica Conselheira de Assuntos Gerais - (cartomante/taróloga)
Ø Técnica em Terapia Masculina - (prostituta)
Ø Técnica Especialista em Terapia Masculina - (prostituta de luxo)
Ø Especialista em Logística de Produtos Químico-Farmacêuticos -(traficante de droga)
Ø Técnico de Marketing Direccionado - (vigarista)
Ø Coordenador de Fluxos de Artigos - (receptador de objectos roubados)
Ø Técnico Superior de Recolha de Artigos Pessoais - (carteirista)
Ø Técnico de Redistribuição de Rendimentos - (ladrão)
Ø Técnico Superior Especialista de Assuntos Específicos Não Especializados - (político)
Ø José Sócrates - (engenheiro)
O fosso da riqueza-pobreza
Tenho a certeza que os pastéis de nata (que eu sei que até são congelados) que eu compro no Modelo, quentinhos, estaladiços, prontos a morder SABEM muito, mas muito melhor. E a 0,38 cêntimos!!!
Para quem não sabe o restaurante Tavares é dos restaurantes mais caros de Lisboa. Ora, com pastelinhos de nata a € 15,75.......
De que serão feitos ????
Mitologia - "A Amamentação de Júpiter"
(tela de Nicolas Poussin, 1635-1637- "A Amamentação de Júpiter)
"O que podes fazer quando não te encaixas no Mundo?"
Charlie Brown: Não.
Lucy: Tanto quanto se sabe, este é o único mundo existe, certo?
Charlie Brown: Certo. Lucy: Não existem outros mundos para viveres, né?
Charlie Brown: Certo.
Lucy: Nasceste para viver neste mundo, né? Charlie Brown: Certo.
Lucy: ENTÃO VIVE NELE, PORRA! Cinco centavos por favor. "
terça-feira, julho 28, 2009
"A lei a Oeste de Pecos"
Para a Madeira ser, ante a olímpica impassibilidade da República (em especial do seu presidente, tão cioso noutras alturas da "dignidade das instituições") um verdadeiro faroeste faltava-lhe a pedagogia pistoleira. Já não falta. No domingo, enquanto Jardim e seus "deputies" festejavam no "saloon" do Chão da Lagoa de copo na mão e aos berros diante das câmaras embasbacadas das TV, três ou quatro pistoleiros emboscavam os seus adversários políticos, no caso do PND, e abatiam a tiro o zepelim com que se preparavam para sobrevoar o por assim dizer copioso evento. Se o país comercializasse turisticamente a Madeira como reserva de vida política selvagem ainda se justificava a despesa que aquilo dá. Doutro modo não se entende que o Orçamento de Estado continue a financiar ali um Carnaval aborígene permanente.
Manuel António Pina, JN-Lisboa, hoje
há 300 mil BISBIS na Madeira
O nome científico deste ternurento pássaro é "regulus madeirensis", sendo uma espécie endémica da Madeira. Diz ainda o referido estudo que há cerce de 6,9 aves por hectare sendo o seu habitat entre os 400 e 800m de altitude.
O "meu" bisbis é um dos 4 simpáticos recenceados no meu quintal. Este, da foto, esteve na minha varanda, depois de encher o papo de bicinhos na terra, quase entrando dentro de casa. É uma ave saltitante, sempre num movimento de corpo oscilante, como se vivesse embalada, muito colorida e que adora água. Partilho-a connvosco...
arte - "The Eternal Idol" - Auguste RODIN
O objectivo primordial de Rodin era o corpo humano, que ele usava como um instrumento para exprimir emoção e movimento, e não apenas com o propósito de um estudo anatómico
segunda-feira, julho 27, 2009
"A Palavra"
subida do nível dos Oceanos
in: DN; Lisboa
resolve o enigma.... :)
Do teu lado esquerdo encontra-se um cisne enorme.
Do lado direito um grande carro de bombeiros, que mantém uma velocidade idêntica à tua.
À tua frente galopa um cavalo, que é bem mais alto do que o teu carro, e tu não consegues ultrapassá-lo.
Atrás de ti vem um helicóptero rente ao chão.
Tanto o cavalo como o helicóptero mantêm uma velocidade idêntica à tua.
O que fazes para sair desta situação em segurança?
Pensa um bem... A resposta está mais abaixo...
Resposta:
SAIS DO CARROSSEL E PARAS DE BEBER,
PORQUE O ÁLCOOL ESTÁ A DAR CABO DE TI!!!
Para sorrir...."um espelho em África"
Numa montra vê, pela primeira vez, um espelho e diz:
- É pá este loja tem ritrato di meu Pai.
Entra na loja, compra o espelho e vai a correr para a palhota mostrar "ritrato do Pai " à mulher. Quando chega a casa não vê a mulher. Pousa o espelho e volta a sair. Entretanto a mulher chega e vê o espelho. Sai a correr e vai até à palhota da sua mãe aos berros. Diz então:
- Mãããeeee, marrido tem ritrato de amanti no palhota. Marrido anda enganando a mim.
A mãe sai furiosa da sua palhota com a filha e vão as duas ver retrato da amante.
Quando a mãe vê o espelho diz:
- xxxiiiii!..., inda por cima os puta é velha pá!...
(recebida por email)
Qual é a maior palavra da língua portuguesa?
Quando eu era miúda a maior palavra era:
PARALELIPÍPEDO
Depois passou para:
OFTALMOTORRINOLARINGOLOGISTA (28 letras)
ou
INCONSTITUCIONALISSIMAMENTE (27 letras)
Pois bem, hoje descobri que a maior palavra é...
PNEUMOULTRAMICROSCOPICOSSILICOVULCANONOCONIÓTICO (se não me enganei, 46 letras)
e o que é que este grandessíssimo palavrão significa?
"quer dizer o estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas."
recebido por email
domingo, julho 26, 2009
Museu das Cuecas abre em Bruxelas
NOTA DA REDACÇÃO - A IMAGEM DA ESQUERDA É ORIGINAL DO MUSEU DAS CUECAS. A DA DIREITA É A MINHA HUMILDE CONTRIBUIÇÃO PARA ESSE MUSEU. ESTÃO AGORA JUSTIFICADAS AS INÚMERAS E SECRETAS VIAGENS DO DR. ALBERTO JOÃO A BRUXELAS...FOI, IN LOCO, VERIFICAR SE A SUA IMAGEM JÁ ESTARIA ESTAMPADA...
Vaticano perdoou Oscar Wilde
Wilde só se converteu definitivamente ao catolicismo perto do fim da vida.No dia em que morreu, foi o seu primeiro amante, Robbie Ross, quem chamou um padre para o baptizar e lhe dar a extrema unção. (IN: Sábado)
NOTA DA REDACÇÃO - COMO PODE SER A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA TÃO PONDERADA PARA ANALISAR SITUAÇÕES DESTE TIPO NUM SÉCULO E NÃO VER O QUE SE PASSA NO PRESENTE, À FRENTE DO NARIZ DE TODOS NÓS, COM A CONFISSÃO DE PADRES HOMOSSEXUAIS OU COM A SUA DELAÇÃO PELAS VÍTIMAS. PRECISARÁ DE UM SÉCULO PARA AVALIAR, RECONHECER E ADMITIR?
para os portugueses de memória curta...
"...P.S.: Quem sempre vê em declarações de Cavaco críticas profundas ao Governo, que dirá das suas declarações a um jornal austríaco sobre o défice português, afinal igual ao de outros países da Zona Euro? Depois desta afirmação, que cabimento ainda têm as dúvidas de Manuela Ferreira Leite?"
apontamentos...
Sophia de Mello Breyner, Contos Exemplares
Dia dos Avós
Há alguns anos começou a festejar-se neste dia, o Dia dos Avós, tendo como intuito destacar e incentivar o papel dos avós no seio da família. Afinal de contas, os avós são pais duas vezes.
Neste dia, lembro-me dos meus avós já desaparecidos e sinto uma enorme saudade, mas por outro lado, fui contemplada com uma neta que me enche de alegria.A Marta.
A todos os avós como eu, desejo um dia muito feliz na companhia dos seus netos.
A todos aqueles que têm a sorte de ainda terem vivos os seus avós, desejo também um feliz dia junto deles.
E para todos os Avós que sentem, neste e nos outros dias, a solidão, o desamparo, o desamor, o meu pensamento solidário.
ELiseevskiy, o melhor supermercado do mundo!
Optimismo e Esperança
Optimismo é a crença de que o mundo está a mudar para melhor; esperança é a certeza de que, juntos, nós podemos fazer o mundo melhor.
Optimismo é uma virtude passiva; esperança é uma virtude activa. Não é preciso ter coragem para ser optimista, mas é preciso ser muito corajoso para ter esperança.
A Bíblia hebraica não é um livro optimista.
Mas é uma grandiosa literatura sobre a esperança.
Rabino Jonathan Sacks, in: "Para curar um mundo fracturado - a ética da responsabilidade"
Torre de S. Vicente de Belém - Lisboa
A Torre de Belém foi construída em homenagem ao santo patrono de Lisboa, S. Vicente, no local onde se encontrava ancorada a Grande Nau, que cruzava fogo com a fortaleza de S. Sebastião.
O novo baluarte perpetuou assim, e em pedra, essa estrutura de madeira. O arquitecto da obra foi Francisco de Arruda, que iniciou a construção em 1514 e a finalizou em 1520, ao que tudo indica sob a orientação de Boitaca. Como símbolo de prestígio real, a decoração ostenta a iconologia própria do Manuelino, conjugada com elementos naturalistas.
Ao longo dos tempos foram efectuadas algumas intervenções que finalizaram com os restauros oitocentistas nas ameadas, no varandim do baluarte, no nicho da Virgem virada para o rio, e no próprio claustrim onde assenta.
Funcionalmente a Torre de Belém revela o ecletismo que caracteriza as obras em que D. Manuel interveio pessoalmente e lhe estavam mais próximas. Assim, a função militar está reservada ao baluarte propriamente dito, que avança sobre as águas do rio em três pisos (andar subterrâneo, nave do baluarte e terraço). Os registos da torre são reservados a outras funções, como as de carácter administrativo (sala do Governador e Sala das Audiências), palatino (Sala dos Reis) e mesmo cultual (capela no último piso).
sábado, julho 25, 2009
Mitologia LEDA
arte -"O Cristo Amarelo" Paul GAUGUIN
A paisagem da Bretanha, sob o pincel de Gauguin torna-se mais colorida: o Cristo e a paisagem são amarelos e as copas das árvores avermelhadas. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície quase decorativamente e seu uso arbitrário opõe-se a qualquer naturalismo.
Gauguin pintou muitos auto-retratos; aqui o rosto de Cristo tem a sua fisionomia.
Amar corpos imperfeitos
Falo especialmente de corpos que não se enquadram nos padrões de beleza nem afinam pelo diapasão moderno e afinado dos ginásios.
Conheço vários casais que se amam no essencial e não se desperdiçam no acessório. Uns andam em cadeira de rodas, outros ficaram sem cabelo, outros ainda engordaram ou emagreceram demais devido aos cocktails de químicos que tomam para vencer a doença. Impressiona-me sempre a força e a substância deste amor. Na noite em que fui um bocado contrariada ao concerto dos Eagles (preferia a Katie Melua) fiquei atrás de um casal especial. Ela em cadeira de rodas e ele, um rapaz com ar de jogador de rugby, de joelhos ao seu lado, para estar à sua altura. Ele não parou de dançar naquela posição improvável e, de vez em quando, abraçava-a pela cintura e dava-lhe beijos apaixonados. Apaixonantes.
Laurinda Alves, jornalista - in: jornal i, hoje
Aviso de porta de livraria
"Não leiam delicados este livro,
sobretudo os heróis do palavrão doméstico,
as ninfas machas, as vestais do puro,
os que andam aos pulinhos num pé só,
com as duas castas mãos uma atrás e outra adiante,
enquanto com a terceira vão tapando a boca
dos que andam com dois pés sem medo das palavras.
E quem de amor não sabe fuja dele:
qualquer amor desde o da carne àquele
que só de si se move, não movido
de prémio vil, mas alto e quase eterno.
De amor e de poesia e de ter pátria
aqui se trata: que a ralé não passe
este limiar sagrado e não se atreva
a encher de ratos este espaço livre
onde se morre em dignidade humana
a dor de haver nascido em Portugal
sem mais remédio que trazê-lo n'alma."
Jorge de Sena
sexta-feira, julho 24, 2009
Última hora
Pensamento do dia
Nietzsche. "Sobre verdade e mentira no sentido extramoral"
Heróis Medievais - O Alcaide-mor de Faria, Nuno Gonçalves
O monte que se alevanta ao pé do humilde convento é formoso, mas áspero e severo, como quase todos os montes do Minho. Da sua coroa descobre-se ao longe o mar, semelhante a mancha azul entornada na face da terra. O espectador colocado no cimo daquela eminência volta-se para um e outro lado, e as povoações e os rios, os prados e as fragas, os soutos e os pinhais apresentam-lhe o panorama variadíssimo que se descobre de qualquer ponto elevado da província de Entre-Douro e Minho.
Este monte, ora ermo, silencioso, e esquecido, já se viu regado de sangue; já sobre ele se ouviram gritos de combatentes, ânsias de moribundos, estridor de habitações incendiadas, sibilar de setas e estrondo de máquinas de guerra. Claros sinais de que aí viveram homens, porque é com estas balizas que eles costumam deixar assinalados os sítios que escolheram para habitar na terra.
O Castelo de Faria, com suas torres e ameias, com sua barbacã e fosso, com seus postigos e alçapões ferrados, campeou aí como dominador dos vales vizinhos. Castelo real da Idade Média, a sua origem some-se nas trevas dos tempos que já lá vão há muito. Mas a febre lenta que costuma devorar os gigantes de mármore e de granito, o tempo, coou-lhe pelos membros, e o antigo alcácer das eras dos reis de Leão desmoronou-se e caiu.
Ainda no século XVII parte da sua ossada estava dispersa por aquelas encostas. No século seguinte já nenhuns vestígios dele restavam, segundo o testemunho de um historiador nosso. Um eremitério, fundado pelo célebre Egas Moniz, era o único eco do passado que aí restava. Na ermida servia de altar uma pedra trazida de Ceuta pelo primeiro duque de Bragança, dom Afonso. Era esta lájea a mesa em que costumava comer Salat-ibn-Salat, último senhor de Ceuta. Dom Afonso, que seguira seu pai dom João I na conquista daquela cidade, trouxe esta pedra entre os despojos que lhe pertenceram, levando-a consigo para a vila de Barcelos, cujo conde era. De mesa de banquetes mouriscos converteu-se essa pedra em ara do cristianismo. Se ainda existe, quem sabe qual será o seu futuro destino?
Serviram os fragmentos do Castelo de Faria para se construir o convento edificado ao sopé do monte. Assim se converteram em dormitórios as salas de armas, as ameias das torres em bordas de sepulturas, os umbrais das balhesteiras e postigos em janelas claustrais. O ruído dos combates calou no alto do monte, e nas faldas dele alevantaram-se a harmonia dos salmos e o sussurro das orações.
Este antigo castelo tinha recordações de glória. Os nossos maiores, porém, curavam mais de praticar façanhas do que de conservar os monumentos delas. Deixaram, por isso, sem remorsos, sumir nas paredes de um claustro pedras que foram testemunhas de um dos mais heróicos feitos de corações portugueses.
Reinava entre nós dom Fernando. Este príncipe, que tanto degenerava de seus antepassados em valor e prudência, fora obrigado a fazer paz com os castelhanos, depois de uma guerra infeliz, intentada sem justificados motivos, e em que se esgotaram inteiramente os tesouros do Estado. A condição principal, com que se pôs termo a esta luta desastrosa, foi que dom Fernando casasse com a filha d’el-Rei de Castela. Mas brevemente a guerra se acendeu de novo; porque dom Fernando, namorado de dona Leonor Teles, sem lhe importar o contrato de que dependia o repouso dos seus vassalos, a recebeu por mulher, com afronta da princesa castelhana. Resolveu-se o pai a tomar vingança da injúria, ao que o aconselhavam ainda outros motivos. Entrou em Portugal com um exército e, recusando dom Fernando aceitar-lhe batalha, veio sobre Lisboa e cercou-a. Não sendo o nosso propósito narrar os sucessos deste sítio, volveremos o fio do discurso para o que sucedeu no Minho.
O adiantado de Galiza, Pedro Rodriguez Sarmento, entrou pela província de Entre-Douro e Minho com um grosso corpo de gente de pé e de cavalo, enquanto a maior parte do pequeno exército português trabalhava inutilmente ou por defender ou por descercar Lisboa. Prendendo, matando e saqueando, veio o adiantado até às imediações de Barcelos, sem achar quem lhe atalhasse o passo; aqui, porém, saiu-lhe ao encontro dom Henrique Manuel, conde de Seia e tio d’el Rei dom Fernando, com a gente que pôde ajuntar. Foi terrível o conflito; mas, por fim, foram desbaratados os portugueses, caindo alguns nas mãos dos adversários.
Entre os prisioneiros contava-se o alcaide-mor do Castelo de Faria, Nuno Gonçalves. Saíra este com alguns soldados para socorrer o conde de Seia, vindo, assim, a ser companheiro na comum desgraça. Cativo, o valoroso alcaide pensava em como salvaria o castelo d’el-Rei seu senhor das mãos dos inimigos. Governava-o em sua ausência um seu filho, e era de crer que, vendo o pai em ferros, de bom grado desse a fortaleza para o libertar, muito mais quando os meios de defesa escasseavam. Estas considerações sugeriram um ardil a Nuno Gonçalves. Pediu ao adiantado que o mandasse conduzir ao pé dos muros do castelo, porque ele, com suas exortações, faria com que o filho o entregasse, sem derramamento de sangue.
Um troço de besteiros e de homens de armas subia a encosta do monte da Franqueira, levando no meio de si o bom alcaide Nuno Gonçalves. O adiantado de Galiza seguia atrás com o grosso da hoste, e a costaneira ou ala direita, capitaneada por João Rodriguez de Viedma, estendia-se, rodeando os muros pelo outro lado. O exército vitorioso ia tomar posse do Castelo de Faria, que lhe prometera dar nas mãos o seu cativo alcaide.
De roda da barbacã alvejavam as casinhas da pequena povoação de Faria, mas silenciosas e ermas. Os seus habitantes, apenas enxergaram ao longe as bandeiras castelhanas, que esvoaçavam soltas ao vento, e viram o refulgir cintilante das armas inimigas, abandonando os seus lares, foram acolher-se no terreiro que se estendia entre os muros negros do castelo e a cerca exterior ou barbacã.
Nas torres, os atalaias vigiavam atentamente a campanha, e os almocadéns corriam com a rolda pelas quadrelas do muro e subiam aos cubelos colocados nos ângulos das muralhas. O terreiro onde se haviam acolhido os habitantes da povoação estava coberto de choupanas colmadas, nas quais se abrigava a turba dos velhos, das mulheres e das crianças, que ali se julgavam seguros da violência de inimigos desapiedados.
Quando o troço dos homens de armas que levavam preso Nuno Gonçalves vinha já a pouca distância da barbacã, os besteiros que coroavam as ameias encurvaram as bestas, os homens dos engenhos prepararam-se para arrojar sobre os contrários as suas quadrelas e virotões, enquanto o clamor e o choro se alevantavam no terreiro, onde o povo inerme estava apinhado.
Um arauto saiu do meio da gente da vanguarda inimiga e caminhou para a barbacã, todas as bestas se inclinaram para o chão, e o ranger das máquinas converteu-se num silêncio profundo.
— Moço alcaide, moço alcaide! — bradou o arauto — teu pai, cativo do mui nobre Pedro Rodriguez Sarmento, adiantado de Galiza pelo mui excelente e temido dom Henrique de Castela, deseja falar contigo, de fora do teu castelo.
Gonçalo Nunes, o filho do velho alcaide, atravessou então o terreiro, e chegando à barbacã, disse ao arauto:
— A Virgem proteja meu pai. Dizei-lhe que eu o espero.
O arauto voltou ao grosso de soldados que rodeavam Nuno Gonçalves, e depois de breve demora o tropel aproximou-se da barbacã. Chegados ao pé dela, o velho guerreiro saiu dentre seus guardadores e falou com o filho:
— Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castelo que, segundo regimento de guerra, entreguei à tua guarda quando vim em socorro e ajuda do esforçado conde de Seia?
— É — respondeu Gonçalo Nunes — de nosso rei e senhor dom Fernando de Portugal, a quem por ele fizeste preito e menagem.
— Sabes tu, Gonçalo Nunes, que o dever de um alcaide é de nunca entregar, por nenhum caso, o seu castelo a inimigos, embora fique enterrado debaixo das ruínas dele?
— Sei, ó meu pai! — prosseguiu Gonçalo Nunes em voz baixa, para não ser ouvido dos castelhanos, que começavam a murmurar.
— Mas não vês que a tua morte é certa, se os inimigos percebem que me aconselhaste a resistência?
Nuno Gonçalves, como se não tivera ouvido as reflexões do filho, clamou então:
— Pois se o sabes, cumpre o teu dever, alcaide do Castelo de Faria! Maldito por mim, sepultado sejas tu no inferno, como Judas o traidor, na hora em que os que me cercam entrarem nesse castelo, sem tropeçarem no teu cadáver.
— Morra! — gritou o almocadén castelhano.
— Morra o que nos atraiçoou.
E Nuno Gonçalves caiu no chão, atravessado de muitas espadas e lanças.
— Defende-te, alcaide! — foram as últimas palavras que ele murmurou.
Gonçalo Nunes corria como louco ao redor da barbacã, clamando vingança. Uma nuvem de frechas partiu do alto dos muros; grande porção dos assassinos de Nuno Gonçalves misturaram o próprio sangue com o sangue do homem leal ao seu juramento.
Os castelhanos acometeram o castelo; no primeiro dia de combate o terreiro da barbacã ficou alastrado de cadáveres tisnados e de colmos e ramos reduzidos a cinzas. Um soldado de Pedro Rodriguez Sarmento tinha sacudido com a ponta da sua longa chuça um colmeiro incendiado para dentro da cerva; o vento suão soprava nesse dia com violência, e em breve os habitantes da povoação, que haviam buscado o amparo do castelo, pereceram juntamente com as suas frágeis moradas.
Mas Gonçalo Nunes lembrava-se da maldição de seu pai. Lembrava-se de que o vira moribundo no meio dos seus matadores, e ouvia a todos os momentos o último grito do bom Nuno Gonçalves: "Defende-te, alcaide!"
O orgulhoso Sarmento viu a sua soberba abatida diante dos torvos muros do Castelo de Faria. O moço alcaide defendia-se como um leão, e o exército castelhano foi constrangido a levantar o cerco.
Gonçalo Nunes, acabada a guerra, era altamente louvado pelo seu brioso procedimento e pelas façanhas que obrara na defesa da fortaleza cuja guarda lhe fora encomendada por seu pai no último transe da vida. Mas a lembrança do horrível sucesso estava sempre presente no espírito do moço alcaide. Pedindo a el-Rei o desonerasse do cargo que tão bem desempanhara, foi depor ao pé dos altares a cervilheira e o saio de cavaleiro, para se cobrir com as vestes pacíficas do sacerdócio. Ministro do santuário, era com lágrimas e preces que ele podia pagar a seu pai o ter coberto de perpétua glória o nome dos alcaides de Faria.
Mas esta glória, não há hoje aí uma única pedra que a ateste. As relações dos historiadores foram mais duradouras que o mármore.