"As palavras começam a vibrar. O vazio fala, o silêncio anima-se. Talvez esteja perto, no rumor da distância.Sinto o acolhimento do visível. Que se passa?Não ouço o deus da angústia e da miséria, mas a sua ausência tornou-se como que próxima e o seu silêncio é, talvez, uma manifestação de confiança, de acolhedora reserva. Todavia, o que escrevo não é ainda a dádiva da confidência pura. A minha linguagem não tem a transparência de um agradecimento silencioso. Escrevo no entanto porque escrever é a condição da experiência do encontro. Ele espera-me, talvez, na brancura que atravesso."
António Ramos Rosa, 1988
in: Antologia Poética
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