No meio de centenas de pegadas deixadas por dinossauros e outras criaturas do Jurássico em Crayssac, França, os paleontólogos encontraram marcas inéditas. Tropeçaram na pista de aterragem de um pterossauro, que terá pousado no local há 140 milhões de anos à procura de comida e que agora permite revelar a forma como estes dinossauros voadores aterravam. Curiosamente, descobriram que estas criaturas, que cruzaram os ares 70 milhões de anos antes das actuais aves, pousavam de forma muito parecida com algumas delas. De acordo com os paleontólogos, que publicam as suas descobertas na Proceedings of the Royal Society B, os pterossauros batiam as asas para diminuir a velocidade e parar assim que aterrassem, colocando ambas as patas traseiras ao mesmo tempo, num ângulo elevado. Depois, arrastavam por momentos os dedos antes de dar um pequeno salto final com ambos os "pés" para a frente.
"A impressão alongada das garras e a ausência de um rastro atrás deste conjunto de marcas bem preservadas indicam claramente que o animal estava a aterrar", escreveram os cientistas da Universidade de Berkeley, na Califórnia. "A pequena distância entre a primeira e a segunda marca deixada pelas patas traseiras lembra um pequeno e imediato passo, talvez um salto simultâneo com ambos os pés. Nesta altura, o animal parou e descansou os membros superiores no chão", acrescentaram, citados no The Independent.
"O padrão das marcas exclui a possibilidade de uma aterragem em corrida, como alguns patos ou aves marinhas fazem actualmente, mas apoia a ideia de que grande parte do impulso era travado ainda a voar. Concluímos que, como muitas aves, estes pterossauros usavam as suas asas para parar antes de aterrar", indicaram.
Segundo os peritos, o facto de pairarem antes de aterrar mostra um controlo sofisticado do bater das asas e uma manobrabilidade que não se pensava existir. Os paleontólogos não conseguem dizer que tipo de pterossauro deixou as marcas em França, mas acreditam que não era muito grande, já que as patas traseiras medem cerca de cinco centímetros. Alguns pterossauros chegavam a ter uma envergadura de asas de dez metros e podiam "aterrar" de outra forma.
A descoberta desta pista de aterragem não responde a todas as perguntas. Os peritos têm ainda de perceber como os pterossauros levantavam voo. "Há duas escolhas óbvias: saltar e bater as asas ou correr e bater as asas", disse o principal autor do estudo, Kevin Padian, acrescentando que ambas poderiam coexistir. (in: DN, Lisboa)
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