Olho para os meus livros, serenos nas estantes.
Sorriem-me.Sorrio-lhes.
Contemplamo-nos em silêncio,
porque o silêncio tem sido a suave e mais conseguida
maneira de cuidar do nosso amor.
Quando a vida nos separou
chorei a vossa ausência
e quando de novo frente a frente vos toquei
senti que o tempo vos tinha poupado,
mas não a mim.
Sei muito de vocês, a página jubilosa, a nota
desproporcionada, a gravura sem vida, as marcas
de um dia de sol, a mancha imperceptível de uma lágrima,
a exultante raiva de uma descoberta tão bem dita
e que eu sozinho mal balbuciaria, ali escancarada
indulgente, perante o meu desajeitamento.
Também vocês sabem de mim mais do que eu presumo:
as minhas lacunas, os parágrafos percorridos desatento,
o que não compreendi julgando compreender.
Nunca me desfiz de nenhum, mesmo quando
depois o ignorei.
De alguns perdi o rasto de quando
nasceram nas minhas mãos.
Meus tão virtuosos companheiros, que bom
que é estarmos juntos.
E, no entanto, vamos esquecer-nos uns dos outros
qualquer dia.
è infalível que assim seja.
Mas, quando, por uma última vez vos evocar um por um
peço-vos que, nesse instante, de comovidos não desabem
sobre a minha cabeça no pânico de não serem lembrados.
Passarei por todos, até pelos que não li ( sobretudo por
esses ) e direi, fechando os olhos como um livro
que vou finalmente meditar no silêncio
no silêncio, que só vocês, livros meus me ensinaram.
Sorriem-me.Sorrio-lhes.
Contemplamo-nos em silêncio,
porque o silêncio tem sido a suave e mais conseguida
maneira de cuidar do nosso amor.
Quando a vida nos separou
chorei a vossa ausência
e quando de novo frente a frente vos toquei
senti que o tempo vos tinha poupado,
mas não a mim.
Sei muito de vocês, a página jubilosa, a nota
desproporcionada, a gravura sem vida, as marcas
de um dia de sol, a mancha imperceptível de uma lágrima,
a exultante raiva de uma descoberta tão bem dita
e que eu sozinho mal balbuciaria, ali escancarada
indulgente, perante o meu desajeitamento.
Também vocês sabem de mim mais do que eu presumo:
as minhas lacunas, os parágrafos percorridos desatento,
o que não compreendi julgando compreender.
Nunca me desfiz de nenhum, mesmo quando
depois o ignorei.
De alguns perdi o rasto de quando
nasceram nas minhas mãos.
Meus tão virtuosos companheiros, que bom
que é estarmos juntos.
E, no entanto, vamos esquecer-nos uns dos outros
qualquer dia.
è infalível que assim seja.
Mas, quando, por uma última vez vos evocar um por um
peço-vos que, nesse instante, de comovidos não desabem
sobre a minha cabeça no pânico de não serem lembrados.
Passarei por todos, até pelos que não li ( sobretudo por
esses ) e direi, fechando os olhos como um livro
que vou finalmente meditar no silêncio
no silêncio, que só vocês, livros meus me ensinaram.
ANTÓNIO TORRADO
Prosaicas Afrontamento-Poesia
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