[google6450332ca0b2b225.html

sexta-feira, agosto 07, 2009

Serenata


Uma noite de lua pálida e gerânios
ele virá com a boca e mão incríveis
tocar flauta no jardim.
Estou no começo do meu desespero
e só vejo dois caminhos:

ou viro doida ou santa.
Eu que rejeito e exprobro
o que não for natural como sangue e veias

descubro que estou chorando todo o dia,

os cabelos entristecidos,

a pele assaltada de indecisão.
Quando ele vier, porque é certo que vem,
de que modo vou chegar ao balcão sem juventude?

A lua, os gerânios e ele serão os mesmos

- só a mulher entre as coisas envelhece.
De que modo vou abrir a janela, se não for doida?
Como a fecharei, se não for santa?


ADÉLIA PRADO

Sem comentários:

Enviar um comentário