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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

banalidades


     Instalei-me para ler que a despaciência a isso convidava.
     A familiar disposição dos sinais amimou-me mas as palavras fugiam do papel, escapavam dos olhos e o autor, sem culpa, simplesmente irritava. Mudei de livro e de posição mas não consegui mudar a disposição.
     O sol acinzentava-se numa tarde de Março fresca.
    Pousada no vidro uma mosca passeava como mulher gorda em tarde de domingo.   Sacudindo as patas, adejava em gestos sensuais. Nunca gostei de moscas mas admiro-lhes a resistência.
     Na horizontal esticada entre dois postes, um, dois, três, oito pássaros dialogam bicadas e trinados segredeiros .
     A mosca alterna na transparência, embriagada de sol e liberdade .
     O pano de fundo do céu nubla-se e os verdes escurecem.
     Farto-me do bailado e dos dejectos pontilhados. Aperto o insecticida - cai a mosca, voam os pássaros, fecha-se o livro.

Maria Teresa Góis

1 comentário:

  1. Então a mosca morreu...e já que o livro está fechado,aproveito e deixo um convite:

    Participe na Blogagem de Março do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. O tema é: “Onde cresceu o meu Pai”. Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt (+ título e link do respectivo blog) até dia 8 de Março. Participe. Haverá boa convivência e possíveis prémios (veja mais no dia 28/02 no blog da Aldeia)!

    Jocas
    Lena

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