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domingo, fevereiro 14, 2010

Peregrinação de confiança através do Porto

Comunidade Taizé junta seis mil pessoas até terça-feira, num encontro ibérico em busca das "fontes da alegria". Vêm de 25 países e vão viver com famílias de 39 paróquias.
Venta violentamente no ponto de encontro, estádio nas costas, via rápida pela frente, "pão com queijo" pelo ar, montanhas de mochilas pelo chão. Há cruzes em caixotes e mapas do Porto a voar contra faces rosadas. Centenas. As faces. Ou milhares. As contas oficiais misturam números como 3300, 25, 1800, 6000, 39. Inscritos, países, acolhidos em famílias, pessoas envolvidas, paróquias. As contas oficiosas são de horas arrastadas pelo vento. À portuguesa. Sem stresse.
Susana e Pedro exibem ao pescoço folhas A4 com o nome da paróquia que acolhe 50 jovens. Coimbrões. Estão à espera, já a bater na hora limite de levá-los do Dragão às casas que os acolhem até terça-feira. Não sabem quem são, de onde vêem. Sabem só que, como eles, colocam o F de fé acima do de frio, sorrisos na alma.
Lá longe, do lado de lá do rio, Elsa, mãe de Pedro, espera o telefonema que lhe há-de dar luz verde para ir buscar os seus inquilinos. Está tudo atrasado, sem problema. No Dragão, há guitarras. Há círculos de cantigas. Há uma fila para se descobrir onde se vai dormir. Há inquirições. Quem quer trabalhar? Quem quer ser animador? Em Coimbrões, há comida quente. E famílias, à espera. Elsa, fascinada pelo ecumenismo e pela oração contemplativa, descobriu Taizé ainda adolescente, pelas mãos do padre da paróquia. Mas só hoje, já mãe de filhos mais do que adolescentes, vai viver a experiência. Na sua vivenda de Canelas, tem espaço para três dos 1800 jovens da comunidade nascida em França há 70 anos que são acolhidas em famílias. Só tem que lhes proporcionar "dois metros quadrados aquecidos". Chão, portanto. É o que é pedido. E três pequenos-almoços e um almoço. Dá-lhes quarto, porque pode.
Porquê? Já se disse. É fascinada por tudo isto. A oração no silêncio que confronta quem a faz com os seus próprios pensamentos, sem se perder nas entrelinhas das coisas ditas. A reflexão "quase ao estilo oriental", assente na Bíblia. Passou a paixão a Pedro, 19 anos, principiante nos encontros internacionais. Este foi intitulado ibérico, mas a divulgação na internet transformou-o em internacional.
É a primeira vez que a comunidade se reúne no Porto, quatro dias para comungar na reflexão, para estar, silenciosamente, em oração. Com todos. Cristãos, indiferenciados, de mãos dadas na busca das fontes da alegria. No Dragão, nas igrejas do Porto e das 39 paróquias que trocaram o Carnaval pelo espírito Taizé.
O telefonema não chega. Mas já estão no salão paroquial de Coimbrões os primeiros jovens. Vêm de Torres Vedras e vão estacionar em casa de José Duarte. Pai de filhos já casados, admite que nunca ouvira falar na comunidade Taizé. O desafio foi lançado numa homilia, inscreveu a família para acolhimento. "Não sei o que é. Vou descobrir agora". Com Fábio e Carlos, o primeiro já repetente dos encontros, na própria aldeia tornada famosa pelo irmão Roger, em 1940. Sophie e outra jovem ficarão em casa da irmã de José.
Sophie também já esteve em Taizé. Tem 17 anos, diz que a religião é o cerne de tudo isto, está irrequieta de feliz. No dia-a-dia, diz, vive-se com máscaras. Taizé "é o mundo interior. O calor humano". Explica-te. "Aqui, dizemos bom dia a uma pessoa e acontece olharem-nos de lado. Lá, até pode sair um abraço". Em resumo? "Religião e ressurreição de Deus bastante... pronto! Espectacular!" Só indo lá, ou comungando pelo mundo, sempre que a comunidade organiza encontros internacionais. Fábio esclarece. "Telemóvel, televisão, internet... lá não fazem falta".
Ambos conheceram o movimento por um professor do externato católico que frequentam. Viveu em Taizé um ano e trouxe o hábito de uma viagem de alunos a França de dois em dois anos.
Por muito que se pergunte, a quem quer que seja, não sai uma explicação clara, concreta. Apenas o brilho no olhar de gente como toda a gente, que encontrou uma forma de vida em espírito de simplicidade, partilha e acolhimento, resume a organização. Em "peregrinação de confiança através da terra" para ajudar os jovens a "empenhar-se cada vez mais numa vivência cristã da sociedade". A cantar.fonte JN, Lisboa
NOTA DA REDACÇÃO - A ESPERANÇA DA IGREJA, NÃO SÓ A PORTUGUESA, ESTÁ NESTES JOVENS QUE ADEREM À ALEGRIA. MUITOS FICARÃO PELO CAMINHO APÓS OS PRIMEIROS EMBATES MAS, COM CERTEZA E COM O ESPÍRITO DE TAIZÉ ACTUANTE, MUITOS CHEGARÃO AO FIM. É NECESSÁRIO UMA REMODELAÇÃO DE COMUNIDADES, HOJE ENVELHECIDAS, INCULTAS, DESIMPORTADAS, ACOMODADAS AO QUOTIDIANO TRADICIONAL. SÃO PRECISOS - E MUITO - PASTORES EMPENHADOS, DESPROVIDOS DE PENEIRAS E IMPORTÂNCIAS DE ESTATUTO, CULTOS E ACTUANTES, PRÓXIMOS DAS COMUNIDADES E DOS JOVENS.

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