Venenoso, todavia pleno de virtudes curativas, odiado por pastores e no entanto, avidamente procurado por multinacionais farmacêuticas, o teixo é, certamente, uma das mais extraordinárias, porém raras e ameaçadas, árvores da flora portuguesa.
"Por mim cortava-os todos", sentencia Manuel Sebastião, pastor sexagenário da aldeia de Parada, referindo-se aos inúmeros teixos de pequeno e médio porte que pontuam a encosta da Corga das Quebradas, na vertente oriental da serra do Gerês.
"Se o gado lhes chega, não tem remédio, morre!", explica o pastor enquanto vai ajuizando dos malefícios do teixo sobre os animais. De facto, a elevada toxicidade do teixo (Taxus baccata), situação que advém da presença de um alcalóide venenoso em todos os órgãos desta árvore, a taxina, terá sido, provavelmente, um dos factores que mais directamente contribuiu para o declínio da espécie em Portugal ao longo dos últimos séculos, já que para proteger os animais domésticos de um eventual envenenamento, os pastores a foram eliminando dos tradicionais locais de pastoreio.
Actualmente, pouco resta dos magníficos bosques de teixos, as Teixeiras, que terão vegetado um pouco por toda a região montanhosa do norte e centro do país, sobretudo em áreas abrigadas, até aos 1500 metros de altitude. E nem a extrema resistência desta conífera à seca, às pragas e até aos incêndios, característica que a converteu numa das espécies mais longevas da nossa flora – podendo alcançar os 2000 e até 3000 anos! – obstou ao seu paulatino desaparecimento, confinando-se as últimas e escassas centenas de exemplares selvagens a locais húmidos, isolados e de difícil acesso nas serras do Gerês e da Estrela. Com efeito, só os incêndios do Verão de 2005 terão afectado directamente a quase totalidade da população de teixos do Parque Natural da Estrela, estimada em cerca de 500 exemplares, no que se tratou de um rude golpe na já reduzida população nacional de teixos. (Naturlink)
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