A coreógrafa alemã Pina Bausch faleceu hoje, com 68 anos, cinco dias depois de lhe ter sido diagnosticado um cancro, anunciou um porta-voz do Teatro de Dança de Wuppertal.
Nascida a 27 de Julho de 1940, em Solingen, filha do dono de uma cervejaria local, acabaria por se tornar na grande inovadora da dança moderna, recebendo numerososo prémios, entre os quais a ordem Militar de Santiago de espada, uma das mais altas condecorações da República Portuguesa.
Na antevéspera da sua morte, no domingo, Pina Bausch ainda pisou o palco da Ópera de Wuppertal, para mais um espectáculo da sua última criação, uma coreografia ainda sem título, que mais uma vez foi aclamada pelo público.
Wuppertal, uma pequena cidade na Bacia do Ruhr, agradeceu tudo o que Pina Bausch fez pela cidade, atribuindo-lhe o título de cidadã honorária, em 2008.
Philippine (Pina) Bausch descobriu a sua vocação para a dança logo em criança, aos 14 anos começou a frequentar as aulas de Kurt Jooss, o inovador da dança expressionista, na recém-fundada Escola Folkwang, em Essen.
Pouco depois recebeu uma bolsa de estudo que lhe permitiu rumar a Nova Iorque, para frequentar a Juilliard School of Musici.
Seguiram-se curtas estadas como bailarina no elenco do New American Ballet, e na Metropolitan Opera, onde contactou famosos coreógrafos da época.
Jooss foi buscá-la outra vez para Essen, e começou então a criar as suas próprias coreografias - a primeira, "Fragmento", foi baseada numa peça musical de Bela Bartok -, em finais dos anos 60 do Século passado.
A sua coreogafia da "Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky, é inesquecível e constitui um marco na histórica da dança, segundo os especialistas.
Em 1973, o director-geral do Teatro de Wuppertal, Arno Wuestenhofer, confiou-lhe a direcção da companhia de dança, que viria a alcançar renome internacional.
Em mais de 40 coreografias, Pina Bausch fundiu o teatro, a dança moderna, a pantomima e o musical, moldando um novo estilo.
"O corpo e o movimento são a melhor possibilidade de expressar o que me emociona e nos emociona a todos", disse certa vez a coreógrafa alemã.
Além da ordem Militar de Santiago de Espada, Pina Bausch recebeu outras grandes distinções pela mundo fora, como a Grã-cruz de Mérito da Alemanha, o Prémio Quioto, O Prémio Imperial do Japão, o Prémio do Teatro Europeu, a Medalha Picasso da UNESCO.
A última vez que Pina Bausch esteve com a sua companhia em Portugal foi em 2008, num festival dedicado ao seu trabalho, no Centro Cultural de Belém (CCB).
Na altura, a coreógrafa voltou aos palcos como dançarina, interpretando uma das suas coreografias, "Café Muller", no Teatro São Luiz.
Luísa Taveira, que, com Jorge Salavisa, organizou então a vinda da coreógrafa, assinalou hoje à Lusa que aquela terá sido, possivelmente, a última vez que Pina Bausch dançou em público.
Dez anos antes, por ocasião do Festival dos 100 Dias da Expo´98, Pina Bausch tinha apresentado em Portugal a coreografia "Masurca Fogo".
Numa terceira presença em Portugal, em Outubro de 2006, a coreógrafa esteve com a sua companhia no Teatro São Luiz para apresentar os espectáculos "Ten Chi", um projecto por ela desenvolvido no Japão, e "Nelken", uma coreografia dos anos 80.
Pina Bausch a interpretar 'Café Müller'
In DN