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segunda-feira, junho 22, 2009

Maio Palustre

A lagoa do meu kimbo
não reflecte a lua
mas a mágoa dos homens de maio.
À prata morta das águas

mordo as pitangas de maio
frutos túrgidos de sangue

sabor lacustre disforme palustre
de morte e esquecimento...

A lagoa do meu kimbo

não reflecte a lua
mas as máscaras
gota a gota caindo
lágrimas
no corpo morcego da noite

e dos ramos calcinados das árvores

libertam-se fantasmas
aspros de veludo

amortalhando os meus olhos
de maio
vestindo ébano
coalhado de cadáveres
e perfumadas ptomaínas.


Namibiano Ferreira, Angola

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