Com os meus botões
- Porque não chegas a velho,
Menino de mais de oitenta?
Nunca te vês ao espelho?
Essa imagem não te assenta?
- Não me assenta, na verdade.
Por dentro é que eu conto os anos.
Por fora o tempo e a saudade
Causam danos.
- Porque não sentes que vem,
Com passo lento e fatal,
Alguém
Lembrar-te os oitenta e tal?
- Sinto, sim! Mas com coragem:
Já tenho a mala aviada,
Pra iniciar a viagem
Ao tudo a partir do nada.
Na bagagem, o menino:
Que a velhice é para os velhos
E não se alcança o destino
De joelhos.
Não suporto nenhum se
(O coração não duvida)
E vou-me embora antes que
Me adiem mais a partida.
António Manuel Couto Viana
(9.5.2010)
"Envio-lhe, Tuka, em anexo, os versos que o Dr. António Manuel Couto Viana “carpinteirou” em 9 de Maio último, e
que mais parecem uma “conversa” de despedida.
Parte amanhã, às 18.00 horas, para a sua Viana - nunca suportou que lhe chamassem Viana do Castelo, até porque, dizia, Viana nunca
teve castelo -, depois da missa na Igreja de Fátima.
Um homem de trato fino; um monárquico elegantíssimo; um poço de culturas.
Fundamentalmente, um POETA.
Será que, agora, os três Amigos de novo reunidos (Prof. David Mourão-Ferreira, Drª. Fernanda Botelho e Dr. Couto Viana) vão decidir a reedição da Távola Redonda?...
Um bom amigo, visitei-o algumas vezes na Casa do Artista, onde estava excelentemente instalado e tinha um espaço muito agradável para trabalhar.
Beijinhos, Tuka, e um abraço para o Luís.
Aníbal"
Obrigada ao teu amigo que tos enviou e obrigada Tuka por publicares estes versos de "despedida" do Couto Viana. Comovente!
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