Os machos fazem piruetas e um estranho voo 'rolado' para atrair as fêmeas. Mas o fantástico ritual de acasalamento do rolieiro, digno de juntar nas terras mais quentes e secas do Alentejo e Beira Baixa os amantes da observação de aves, poderá deixar de se ver: a ave está em risco de extinção.
O espectáculo começa agora, em paralelo com a época de reprodução do rolieiro, apontado como a ave mais colorida em território nacional. Os machos, que por vezes até são acompanhados pelas próprias fêmeas, realizam paradas nupciais, numa rara demonstração de "acrobacia", exibindo os seus dotes para conquistar o par. Fazem piruetas e um estranho voo "rolado". Começam por ganhar altitude e depois "mergulham" no vazio batendo as asas com vigor e rodando sobre si próprios.
Um ritual de acasalamento digno de juntar nas áreas mais quentes e secas do Alentejo e Beira Baixa os amantes da observação de aves, hoje, mais do que nunca, preocupados com o decréscimo que a curiosa espécie vem sofrendo em território nacional, ao ponto de estar classificada como em risco de extinção.
Segundo a bióloga Inês Catry, actualmente a trabalhar no Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, a primeira confirmação da reprodução do rolieiro em Portugal data apenas de 1973, nos distritos de Castelo Branco e Portalegre. Viria a propagar-se a outras zonas, mas há cerca de 15 anos começou por desaparecer de Trás-os-Montes e Beira Alta, registando mesmo uma fragmentação no Alto Alentejo. Hoje, a espécie está praticamente confinada a três concelhos: Castro Verde, Elvas e Castelo Branco.
Segundo a bióloga Inês Catry, actualmente a trabalhar no Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge, a primeira confirmação da reprodução do rolieiro em Portugal data apenas de 1973, nos distritos de Castelo Branco e Portalegre. Viria a propagar-se a outras zonas, mas há cerca de 15 anos começou por desaparecer de Trás-os-Montes e Beira Alta, registando mesmo uma fragmentação no Alto Alentejo. Hoje, a espécie está praticamente confinada a três concelhos: Castro Verde, Elvas e Castelo Branco.
Na Primavera de 2009, Inês Catry realizou um censo de rolieiro em 16 áreas classificadas como prioritárias para a conservação de espécies estepárias em Portugal, onde se contabilizaram cerca de 60 casais nidificantes, confirmando-se a tendência de decréscimo da comunidade. Quais as razões do declínio desta espécie? A especialista admite não existirem grandes certezas.
"Em alguns locais, o declínio estará relacionado com a perda de habitat, com o abandono das práticas agrícolas tradicionais e pastagens e o aumento da intensificação agrícola e das florestações. Também o uso intensivo de pesticidas na agricultura moderna contribuiu para a redução intensa de insectos de grande porte, que são as presas-alvo do rolieiro", justifica a bióloga.
"Em alguns locais, o declínio estará relacionado com a perda de habitat, com o abandono das práticas agrícolas tradicionais e pastagens e o aumento da intensificação agrícola e das florestações. Também o uso intensivo de pesticidas na agricultura moderna contribuiu para a redução intensa de insectos de grande porte, que são as presas-alvo do rolieiro", justifica a bióloga.
A base da dieta desta espécie é constituída maioritariamente por artrópodes mas podem também consumir pequenos vertebrados, como répteis e anfíbios, pequenas aves e até roedores. Entre as presas mais comuns estão os insectos de médio e grande porte, nomeadamente escaravelhos, grilos e gafanhotos. Em geral caça pousado num ponto alto, numa árvore ou num poste, observando o solo em áreas de pouca vegetação. Depois de capturar a sua presa volta ao poiso, onde a ingere. Por vezes captura insectos em voo, levando a cabo pequenas perseguições.
"Dependendo da disponibilidade de presas, a dieta pode variar, mas podemos considerar que ajudam os agricultores, contribuindo para diminuir a abundância de insectos nas culturas", descreve Inês Catry, alertando para os cuidados parentais transversais aos dois membros do casal.
Aliás, o "namoro" acontece frequentemente ainda nos locais de invernada ou a caminho das áreas de reprodução. A ligação entre progenitores e as crias mantém-se até à emancipação dos juvenis, no momento em que saem dos ninhos, com cerca de um mês de idade.
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