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sábado, junho 19, 2010

esplanada

 



Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês Saramagos ; coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.

Manuel António Pina
"Poesia Reunida", Assírio & Alvim

2 comentários:

  1. Nós vivemos emoções e nunca mais seremos os mesmos depois que a vivemos. Obrigada pela visita no blog. Bjus
    Visitarei aqui sempre que puder.
    Abraços criativos

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  2. curioso também já seleccionei este poema no blog e continuo a gostar muito dele.

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