O escritor António Manuel Couto Viana morreu ontem à tarde, aos 87 anos, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse à Lusa fonte próxima da família.
O escritor, que residia há cerca de dez anos na Casa do Artista, em Lisboa, foi internado naquele hospital “nos últimos dias, devido a problemas num pé que se agravaram, vindo a falecer”, disse a mesma fonte.
O último livro de António Manuel Couto Viana, poeta, contista, ensaísta, actor, dramaturgo, encenador e figurinista, foi a poesia de “Ainda não”, com poemas autobiográficos, lançado em Abril. O volume de contos pícaros com o título “O que é que eu tenho Maria Arnalda?” foi editado em Setembro de 2009.
Em tempos mestre de cena do Teatro S. Carlos, Couto Viana pertenceu ao grupo Távola Redonda e esteve ligado à formação de companhias de teatro, designadamente o grupo Gerifalto e o Teatro da Mocidade.
Por intermédio de David Mourão-Ferreira estreou-se como actor e figurinista em 1946 no Teatro Estúdio do Salitre, em Lisboa, mas já anteriormente tinha dado os primeiros passos no teatro de família, o Sá de Miranda, em Viana do Castelo, cidade onde nasceu.
Em 1948, estreou-se na poesia com o livro “O avestruz lírico”, tendo desde então publicado vários títulos. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David Mourão-Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia Távola Redonda, e mais tarde a revista cultural Graal, tendo ainda feito parte da redação da revista Tempo Presente (1959-1961).
Couto Viana integrou também a direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental) e da Companhia Nacional de Teatro.
Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera e Companhia Portuguesa de Ópera e foi orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra.
A Banda da Grã Cruz de Mérito, Grão-Cruz da Falange Galega, Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de Mérito Cultural da Cidade de Viana do Castelo foram algumas das condecorações que o escritor recebeu ao longo da vida.
Ao longo da sua carreira foi distinguido com vários prémios literários, entre os quais o Prémio Antero de Quental, Prémio Nacional de Poesia, Prémio Fundação Oriente e Prémio Academia das Ciências de Lisboa.
Conselheiro do Conselho de Leitura da Fundação Gulbenkian, Couto Viana encontrava-se a escrever a história da Companhia Nacional de Teatro, de que foi empresário entre 1961 e 1967, disse à Lusa em Setembro de 2009.A MORTE EM MIM
Perguntas quem me morreu?
Fui eu.
Eu morro de cada vez
Que me avisa o coração
Que morreu um poeta português
E eu não.
Mas ressuscito se escuto
A voz em que se exprimia,
Pois nunca visto com a dor do luto
A poesia.
(29.3.2004) António Manuel Couto Viana
Sem comentários:
Enviar um comentário