Baptizado com o nome científico de Anoiapithecus brevirostris, o Lluc tem características dos Kenyapithecus, os primatas que há 14 milhões de anos partiram para a região da Eurásia para dar origem aos grandes macacos, como o orangotango. Em causa está, por exemplo, a mandíbula robusta. Mas, por outro lado, esta é menos saliente que noutros símios, sendo o seu rosto bastante plano, um traço mais moderno que o aproxima dos humanos.
O Lluc "representa um avanço fundamental na origem da nossa família, sendo um bom candidato a antepassado, já que a sua morfologia facial é uma transição entre os primatas primitivos e a família dos Hominidae", indicou ao jornal El Mundo o responsável pela investigação, Salvador Moyà-Solà, do Instituto Catalão de Paleontologia.
A nova espécie surge descrita na revista científica norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. Os restos dos fósseis (a mandíbula e parte do rosto) foram encontrados em 2004, em Els Hostalets, na Catalunha e confirmam as hipóteses deixadas em aberto por Pau (ver caixa). Entre elas, a de que os hominídeos apareceram na Eurásia, na região mediterrânica.
Os investigadores dão vários argumentos para o provar: em primeiro lugar, a presença dos Kenyapithecus e dos hominídeos nesta área durante o Miocénico Médio (entre 16 e 11,6 milhões de anos); depois, a próxima relação de parentesco entre ambos (como mostra o Lluc); e finalmente, esta evolução encaixa na lógica temporal conhecida.
A equipa de Moyà-Solà acredita que os hominídeos tiveram origem na Eurásia, evoluindo dos seus antecessores Kenyapithecus oriundos de África. Mais tarde, dispersaram-se novamente por este continente. Ao mesmo tempo, não põem de lado a hipótese de uma evolução separada nos dois continentes.
Diário Notícias Lisboa, 03/06/09
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