
Em Lanzarote, recusou baixar do avião durante 20 minutos, até ser forçada pelos agentes espanhóis, apesar de não ter passaporte. Em declarações ao "El País", a activista acusa as autoridades espanholas de cumplicidade com Marrocos. Acusou o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros de estar ao corrente de tudo e disse que quando a polícia a instou a baixar do avião já havia uma autorização de residência preparada. Em declarações à Cadena SER, o ministro Miguel Ángel Moratinos disse que Madrid "facilitou a sua chegada para oferecer-lhe tratamento médico".
Se não a deixarem regressar a El Aiun, onde esta divorciada de 42 anos reside com os dois filhos, ela parece determinada em levar o seu protesto até às últimas consequências: "Continuarei em greve de fome até que o Governo espanhol me deixe ir para casa ou até à morte".
Conhecida como a Gandhi saraui, devido à determinação com que defende a utilização da arma da desobediência cívica contra a ocupação marroquina do Sara Ocidental -, Aminetu foi, em 1987, um dos 700 manifestantes detidos por participar numa manifestação pacífica em que se reclamava o referendo de autodeterminação. Foi dada como "desaparecida", não tendo sido apresentada a tribunal nem confirmada a sua prisão. Até 1991, permanecem em centros de detenção secretos, juntamente com outras 17 mulheres sarauis, sendo sujeita a diversas formas de tortura. Foi libertada em 2005.
Recorde-se que o Sara Ocidental - uma antiga colónia espanhola com fronteiras com Marrocos, Argélia e Mauritânia e bordejado pelo oceano Atlântico - é o único território africano a aguardar pela auto-determinação. Hoje, Marrocos, o movimento independentista da Frente Polisário e o governo da República Árabe Sarauí Democrática (RASD) - os dois últimos apoiados pela Argélia - disputam o controlo e o futuro deste território. A RASD é membro de pleno direito da União Africana.
Este caso envolvendo Aminetu Haidar surge na sequência da detenção, a 8 de Outubro, de sete activistas sarauis dos direitos humanos, na cidade marroquina de Casablanca. Regressavam de uma visita aos campos de refugiados sarauis em Tinduf, na Argélia, e foram acusados de traição à pátria e de atentado contra a soberania e integridade territorial de Marrocos. Os sete detidos enfrentam um julgamento num tribunal militar, que poderá concluir na aplicação da pena capital.
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