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quarta-feira, novembro 25, 2009

"Ou me deixam regressar ou faço jejum até à morte"

Aminetu Haidar, uma destacada defensora da resistência pacífica no Sara Ocidental, completa hoje 12 dias em greve de fome, no aeroporto de Lanzarote. A ex-presa política saraui viajava desde Nova Iorque, onde recebera o Prémio da Coragem Civil 2009 concedido da Fundação John Train, quando, no aeroporto de El Aiun, a capital do Sara Ocidental, foi detida pelas forças marroquinas, que ocupam o território. Interrogada durante horas, recusou-se, diz Marrocos, a declarar-se "marroquina", sendo expulsa para as Canárias, sem passaporte nem telemóvel.
Em Lanzarote, recusou baixar do avião durante 20 minutos, até ser forçada pelos agentes espanhóis, apesar de não ter passaporte. Em declarações ao "El País", a activista acusa as autoridades espanholas de cumplicidade com Marrocos. Acusou o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros de estar ao corrente de tudo e disse que quando a polícia a instou a baixar do avião já havia uma autorização de residência preparada. Em declarações à Cadena SER, o ministro Miguel Ángel Moratinos disse que Madrid "facilitou a sua chegada para oferecer-lhe tratamento médico".
Se não a deixarem regressar a El Aiun, onde esta divorciada de 42 anos reside com os dois filhos, ela parece determinada em levar o seu protesto até às últimas consequências: "Continuarei em greve de fome até que o Governo espanhol me deixe ir para casa ou até à morte".
Conhecida como a Gandhi saraui, devido à determinação com que defende a utilização da arma da desobediência cívica contra a ocupação marroquina do Sara Ocidental -, Aminetu foi, em 1987, um dos 700 manifestantes detidos por participar numa manifestação pacífica em que se reclamava o referendo de autodeterminação. Foi dada como "desaparecida", não tendo sido apresentada a tribunal nem confirmada a sua prisão. Até 1991, permanecem em centros de detenção secretos, juntamente com outras 17 mulheres sarauis, sendo sujeita a diversas formas de tortura. Foi libertada em 2005.
Recorde-se que o Sara Ocidental - uma antiga colónia espanhola com fronteiras com Marrocos, Argélia e Mauritânia e bordejado pelo oceano Atlântico - é o único território africano a aguardar pela auto-determinação. Hoje, Marrocos, o movimento independentista da Frente Polisário e o governo da República Árabe Sarauí Democrática (RASD) - os dois últimos apoiados pela Argélia - disputam o controlo e o futuro deste território. A RASD é membro de pleno direito da União Africana.
Este caso envolvendo Aminetu Haidar surge na sequência da detenção, a 8 de Outubro, de sete activistas sarauis dos direitos humanos, na cidade marroquina de Casablanca. Regressavam de uma visita aos campos de refugiados sarauis em Tinduf, na Argélia, e foram acusados de traição à pátria e de atentado contra a soberania e integridade territorial de Marrocos. Os sete detidos enfrentam um julgamento num tribunal militar, que poderá concluir na aplicação da pena capital.

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