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segunda-feira, novembro 16, 2009

Pintar os Andes para salvar gelo


Uma organização não governamental propõe uma solução no mínimo pouco ortodoxa para resolver o degelo dos glaciares nos Andes peruanos: pôr os agricultores locais a pintar de branco 3 mil quilómetros quadrados de montanhas, uma forma de reflectir os raios solares e evitar o aquecimento das rochas. Projecto ganhou concurso de ideias para salvar o mundo

O prognóstico é conhecido e aterrador: os glaciares situados debaixo das rochas a 5500 metros de altitude nos Andes peruanos diminuíram 22% nos últimos 30 anos e, a este ritmo, podem desaparecer em 2020. Mas agora a organização não governamental Glaciares do Peru propõe uma solução no mínimo pouco ortodoxa para o problema - pôr agricultores locais a pintar de branco 3 mil quilómetros quadrados da cordilheira, forma de reflectir os raios solares e evitar o aquecimento das montanhas.
"Pinta-os de branco." A mensagem inicial na página da Internet do grupo ambientalista não deixa margem para dúvidas sobre a empresa que pretendem levar a cabo nos próximos anos. "Para diminuir a radiação ultravioleta no solo, propomo-nos a proteger grandes extensões de superfície rochosa sem gelo acima dos quatro mil metros, com um composto feito à base de cal e cimento branco que tem a consistência de uma pintura", pormenorizam os responsáveis pela ideia. Tudo feito tendo em conta os ensinamentos da física, que demonstram que a cor branca reflecte o calor e não o absorve.
O método é explicado pelo director da ONG ao El Mundo. "Por causa do aquecimento global, as rochas ficam sem gelo e a sua cor escura aumenta a temperatura da montanha, gerando um círculo vicioso. A rocha absorve o calor e o glaciar derrete-se mais rapidamente. Ao colocarmos uma base branca, a rocha não absorve calor e o gelo perdura", diz Miguel Flores, que quer apenas que o degelo decorra "no seu ritmo natural".
Apesar de pouco convencional, o projecto convenceu o júri do concurso "100 ideias para salvar o planeta", que o considerou a melhor proposta de entre outras 1755. O prémio de 200 mil dólares (cerca de 135 mil euros) vai permitir cumprir a primeira etapa do plano - o fabrico deste composto especial, que a Glaciares do Peru assegura ser inofensivo para o ambiente, custa cerca de 3350 euros por hectare - pintar o topo do monte Razuhuillca (situado a 5200 metros de altitude), com recurso "ao uso intensivo de mão-de-obra da montanha", mas também com a ajuda de voluntários, estudantes e até turistas.
No entanto, para concretizar a pintura dos três mil quilómetros quadrados, a organização vai precisar de bem mais do que a boa vontade dos trabalhadores, o que a leva a pedir "donativos de empresas, artistas e todos quantos se queiram juntar a esta aventura". Se o conseguirem, "será reparado, por exemplo, o dano provocado pelo gases emitidos diariamente pelos carros nos Estados Unidos", adiantou Miguel Flores. 
in: DN, Lisboa

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