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terça-feira, janeiro 12, 2010

"Travessia"


Os nossos dedos são cândidos
com brilhos impressos
e um tempo absorvido dos dois lados
Nos sinos, nos guizos, nas harpas
procuramos sem nenhuma restrição
o fogo e o gelo
a iluminação de um ramo dourado


Há um instante em que as nossas vozes
se fundem e destacam
reluzentes sobre vida perpétua


Atravessamos a noite com uma vontade irreprimível
    de cantar

José Tolentino Mendonça
"O viajante sem sono"

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