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quarta-feira, julho 08, 2009

Pus-me a cantar...

Pus-me a cantar minha pena com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse felicidade
- e não pena.
Anjos de lira dourada debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.
Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria da minha boca se ergue
apondo o sonho e a vida juntos.
O mistério do meu canto,
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
- todos perdidos de encanto, só eu morrendo de triste!
Por assim tão docemente meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o ausente,
para trazer o Universo de pólo a pólo contente!

Cecília Meireles

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