O Museu Rietberg, em Zurique, Suíça, inaugura amanhã a exposição "Marfins Cingaleses do Século XVI", que tem em destaque uma tela com um retrato inédito de D. Sebastião, da autoria de Alonso Sanchez Coello, pintada na corte portuguesa em 1562 e cujo paradeiro era ignorado desde há quatro séculos.
Na verdade, a obra estava na Áustria, no castelo Schonberg, mas erradamente identificada com um nobre austríaco.
Em simultâneo, serão mostrados na exposição dois outros quadros da mesma época, que retratam a rua Nova dos Mercadores de uma Lisboa pré-pombalina. As duas telas foram encontradas numa casa senhorial inglesa e não estavam identificadas com Lisboa.
Quadros restaurados
Todos os quadros foram restaurados e limpos a expensas do Museu Rietberg e foi a partir dessa operação que se tornou possível a sua identificação. Numa das salas do museu foi reconstituída a estrutura do casco de uma caravela portuguesa. No interior, serão expostas peças de marfim e projetadas imagens dos dois elefantes levados para Lisboa e depois para Viena.
Peças de Catarina de Áustria
No geral, a mostra de Zurique reúne peças de marfim esculpidas em Ceilão em meados do século XVI. Na sua grande maioria pertenceram ao acervo de Catarina de Áustria, rainha de Portugal entre 1525 e 1578.
Em 1506 os portugueses chegaram a Ceilão, hoje Sri Lanka, e estabeleceram relações comerciais muito fortes com o reino de Kotte no sul de Ceilão. A partir desse encontro passaram a chegar à Europa produtos tão ricos e diversificados como elefantes, madeiras preciosas, especiarias ou pedras de âmbar. Um exemplo particularmente fascinante desse negócio estabelecido é proporcionado pelos ricos marfins pertencentes à coleção de Catarina de Áustria e que constituem um dos destaques da exposição.
Este retrato da rua Nova dos Mercadores foi encontrado numa casa senhorial inglesa e não estava identificado com Lisboa |
Ruth E. Bubb/Society of Antiquaries, London |
Os marfins agora exibidos em Zurique eram parte de ofertas diplomáticas à corte de Lisboa e não só revelam as capacidades artísticas dos homens que trabalhavam este material em Kotte, como testemunham as invulgares relações políticas e culturais existentes à época entre Portugal e Ceilão. De alguma forma constituem, também, uma demonstração da grandeza e do poder da corte portuguesa e de Portugal como potência marítima, que tinha o seu centro asiático estabelecido em Goa.
Por outro lado recordam-nos o dinamismo daquele que foi o primeiro país da Ásia a ter uma embaixada na Europa. Em 1542, o primeiro embaixador de Ceilão, Sri Radaraska Pândita, um religioso de Kotte, chegava a Lisboa para assim materializar as excelentes relações existentes entre os dois países.
Algumas das peças foram cedidas por coleções privadas e nunca foram antes expostas ao público.
A mostra inclui ainda obras pertencentes a mais de 30 museus de várias partes do mundo e tem o apoio do Estado português através do Instituto Camões.fonte PUBLICO
Em África continuam a fazer-se peças de marfim maravilhosas. Em madeiras mais ou menos exóticas também. Em miúdo cheguei a ver um artesão a fazer uma imagem em Pau Rosa.
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