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sexta-feira, novembro 12, 2010

em 1871 escrevia-se...


"O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguén crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. Os servis públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o País está perdido"

Eça de Queiroz
"As Farpas", vol.I -1871  
na foto, Eça de Queiroz, 1871, autoria de H. S. Mendelssohn

2 comentários:

  1. O tempo é mais veloz do que se pensa e, embora no mundo de hoje tudo seja muito mais sofisticado e tecnologicamente avançado, o homem de uma maneira geral, talvez se note mais no político, mudou muito pouco ou nada na sua génese. E o nosso querido Eça era bem perspicaz para captar esses comportamentos.
    É bem curioso este texto, lido hoje e incrivelmente actual.

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  2. As "Farpas", iniciadas por dois "monstros" continuam sempre actuais, nas palavras, na sociedade, na politica. Ramalho conseguiu após um ano com Eça, continuar a ideia inicial, que perdura até hoje...e já lá vai mais de um século!

    bj

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