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sexta-feira, junho 04, 2010

A nuvem


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Sulcas o ar de um rastro perfumoso
Que os nervos me alvoroça e tantaliza,
Quando o teu corpo musical desliza
Ao hino do teu passo harmonioso.
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A pressão do teu lábio saboroso
Verte-me na alma um vinho que electriza,
Que os músculos me embebe, e os nectariza,
E afrouxa-os, num delíquio langoroso.
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E quando junto a mim passas, criança,
Revolta a crespa, luxuosa trança,
Na espádua arfando em túrbidos negrumes,
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Naufraga-me a razão em sombra densa,
Como se houvera sobre mim suspensa
Uma nuvem de cálidos perfumes!
Teófilo Dias
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Do livro Fanfarras (1882).

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