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sábado, outubro 17, 2009

É o tempo...

 


É o tempo, as horas indizíveis repetidas dentro dos ossos.
Os meus dedos, a própria alma, tentam esconder a verdade,
mas é o tempo como a condenação única, o tempo como
uma doença, como a morte polvilhada, como tudo o que
não existe e, por instantes, se desejou, desejei: a minha voz
súbita sobre o segredo que perdi, repeti.

Os campos desapareceram do perfil das árvores. Os campos,
palavras, mãos dadas, o teu rosto desapareceram: eclipse.

Existe um deus maior do que deus e foi esse que me pediu
para sofrer repetidamente pelos meus próprios erros.

Existem as mentiras que se contam às crianças.
E o tempo voa com anjos que decidem sobre as maneiras
de respirar, chorar: anjos indistintos do vento invisível.

José Luís Peixoto

(Inédito)

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