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sábado, outubro 10, 2009

especialistas falam na existência de cinco (5) sexos

Urologista explica que a mulher apareceu meio milhão de anos antes do homem.

O caso da atleta Caster Semenya, cuja condição sexual está a ser estudada, relançou a discussão sobre a dicotomia homem/mulher mas, afinal, há quem defenda que os sexos não são dois mas três, cinco ou até mais.

"Existem várias teorias mas a mais marcante e a que mais se aproxima da realidade prática e clínica é a que contrapõe aos dois sexos clássicos - masculino e feminino - a existência de mais três, o pseudo-hermafroditismo masculino, o pseudo-hermafroditismo feminino e o hermafroditismo verdadeiro, num total de cinco sexos", declarou o urologista Nuno Monteiro Pereira.

O também director da Clínica do Homem e da Mulher, em Lisboa, explicou as diferenças de forma simplificada: "Os pseudo-hermafroditas masculinos têm sempre testículos mas o aspecto do corpo pode não ser masculino e os pseudo-hermafroditas femininos têm sempre ovários, embora o seu corpo possa não parecer feminino. Quanto aos hermafroditas verdadeiros possuem, em simultâneo, ovários e testículos."

Portanto, "a classificação dos cinco sexos baseia-se, claramente, na presença ou ausência de testículos", ainda que a gónada primordial seja sempre a feminina - "se houver cromossomas Y, ela transforma-se em testículo, se não houver, será sempre ovário", esclareceu.

Ainda segundo Nuno Monteiro Pereira, na evolução das espécies, o sexo feminino foi o primeiro a aparecer, "o masculino só surgiu cerca de meio milhão de anos depois".

Ou seja, "Eva antecedeu Adão e a prova é que, ainda hoje, temos espécies onde só existem seres femininos, mas não temos qualquer espécie apenas com seres masculinos", exemplificou.

Em relação à atleta sul-africana que correu nos mundiais de atletismo de Berlim, Nuno Pereira acredita que se trata de uma situação de pseudo-hermafroditismo masculino, possivelmente devido a deficiência enzimática.

"Num corpo ambíguo - em que a ausência de um pénis foi o factor decisivo que marcou, à nascença, a classificação como 'menina' e não 'menino' - a presença escondida de testículos interiores justifica a elevada produção de testosterona, factor que permite elevadas performances atléticas", esclareceu.

Segundo o director do mestrado transdisciplinar de Sexologia na Universidade Lusófona, "os hermafroditas verdadeiros são muito raros e têm, quase sempre, um aspecto masculino, embora se lhes desenvolvam as glândulas mamárias na adolescência", sendo geralmente isso que chama a atenção, "pois a pessoa tem pénis e nada levava a desconfiar da sua condição".

O caso de Caster Semenya relançou o debate

in: DN, Lisboa, hoje

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