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segunda-feira, abril 26, 2010

Estão a transformar as ilhas dos Açores num santuário para aves marinhas

Helena Geraldes/Público
 As falésias rochosas da ilha do Corvo e ilhéu de Vila Franca do Campo já não têm mais espaço para as aves marinhas que aí fazem ninho. Estes espaços são o último refúgio para várias espécies que fogem dos predadores. Autoridades regionais e ornitólogos estão a dar uma ajuda oferecendo-lhes um santuário da biodiversidade.
Outrora espalhadas pelos quatro cantos da ilha do Corvo e do ilhéu de Vila Franca, a Sul de São Miguel, as aves marinhas encontram-se hoje concentradas nas falésias e nos locais mais remotos. A destruição dos ninhos, em cavidades naturais nas rochas e no solo ou em buracos escavados na terra, por predadores como o rato, o murganho e a cabra explica a fuga de cagarros (Calonectris diomedea), estapagados (Puffinus puffinus), frulhos (Puffinus assimilis) e painhos (Oceanodroma castro).
“A sobrevivência destas aves é incompatível com predadores”, explica Pedro Geraldes, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) e coordenador do Projecto LIFE Ilhas Santuário para as Aves Marinhas. Nos últimos anos, as populações de algumas aves têm diminuído drasticamente.
Desde 2009, a Spea, a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, a Câmara Municipal do Corvo e a Royal Society for the Protection of Birds estão no terreno para tentar erradicar as espécies invasoras e recuperar habitats. 
“Criámos 400 ninhos artificiais na ilha do Corvo [Reserva da Biosfera pela UNESCO] e no ilhéu de Vila Franca, próximos das falésias mas em zonas de terra, que já terão sido local de nidificação no passado”, acrescenta. A ideia é criar uma colónia artificial que atraia as aves para uma zona livre de predadores.
“Em pleno Ano Internacional da Biodiversidade, a protecção activa das populações de aves marinhas dos Açores é um factor crucial para a valorização do nosso património natural”, considerou Frederico Cardigos, director regional do Ambiente dos Açores, defendendo a necessidade de se encontrar “uma metodologia para erradicar autênticas pragas, como os ratos”.
O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal classifica o estapagado como Em Perigo e o cagarro, o frulho e o painho com estatuto de Vulnerável.

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