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quarta-feira, abril 21, 2010

"A casa pia baptismal"

fonte: jornal i
"Começo já por dizer que tenho formação católica: sou baptizado, andei na catequese e fiz a primeira comunhão. Perante as recentes revelações de pedofilia na Igreja, acho que me safei de boa. Sinto-me como se tivesse andado com um colete de steward num túnel com o Hulk e tivesse saído de lá sem um arranhão. Pensando bem, se calhar o que me salvou foi não ter voz para cantar, não fui para o coro. No entanto, perante este escândalo de proporções bíblicas, muitos defensores da Igreja vêm com o argumento infantil de que em todas as profissões há pedófilos. Ou seja, para estes católicos, um padre tem tanta probabilidade de ser pedófilo como um motorista da Casa Pia, o dono de uma casa de alterne ou um decorador de interiores. E a criancice argumentativa continua, quando dizem que se atacam demasiado os padres em comparação com os cantores, os realizadores, os apresentadores, os actores ou os poetas, só porque estes são artistas. Mas a malta do espectáculo sempre foi associada a uma vida promíscua: luxúria, drogas, álcool, água com sabores, ou seja, ambientes propícios a comportamentos desviantes. Por isso, e apesar de o crime ser igualmente grave, é natural que a pedofilia num ambiente religioso provoque maior indignação. A não ser que Bertones, Saraivas e companhia também queiram comparar óstias com pastilhas de ecstasy, missas do Galo com rave partys, e sacristias com... sacristias. Antigamente, quando os filhos queriam ir para o mundo artístico eram reprimidos. Agora, se um filho disser aos pais que quer ser padre, arrisca-se a levar um par de estalos."

José de Pina

4 comentários:

  1. José Luís Rodrigues21 de abril de 2010 às 19:14

    Interessante. Mas, exagerado... Então se se descobrir professores, políticos, artistas de teatro, dançarinos, os funcionários das discotecas (...) pedófilos dir-se-á o mesmo da escola, da política, dos clubes desportivos, dos grupos de teatro, da dança, das discotecas e de todos os lugares onde andam os nossos jovens... Onde isto já vai, mas não se tenha ilusão, não se esperava outra coisa e a procissão só agora saiu a porta da igreja.

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  2. Concordo consigo, a pedofilia tal como a violência doméstica, ainda não são crimes denunciáveis por vizinhos ou simples conhecidos.
    Só que no caso de QUALQUER religião, a pregação da moral e bons costumes é uma faca de dois bicos. E no casos que têm vindo a público e que afectam a corrente católica, o tratamento superior dado não é, convenhamos,o mais correcto. Transferir um indivíduo de um para outro lado para esconder, é fomentar; negar, é ser conivente, não enfrentar os casos dar-lhes tratamento e solução, é cobardia. Nas religiões, há uma linha mestra que as rege e exige fidelidade; na política, no desporto, no funcionalismo, é o salve-se quem puder, sem reconhecer patrão ou lei!
    Por transcrever o texto não quer dizer que desculpe uns em detrimento de outros e a minha opinião pessoal é que todo o crime deve ser denunciado, doa a quem doa. Só assim se pode ajudar a vítima, só assim se pode ajudar o infractor (se ainda houver tempo!).

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  3. José Luís Rodrigues21 de abril de 2010 às 21:10

    Concordo em absoluto consigo. Só não concordo que por silogismo se chegue a determinadas conclusões perigosas. Exemplo, se há criminosos no futebol deixo de gostar de futebol e não vou lá mais, se nas famílias há violência destrua-se a família e conselhe-se o jovens a temerem a família, se nas estradas há verdadeiros talibãns a conduzir então acabe-se com os automovéis e com as estradas, se os aviões caiem então não se ande mais de avião, se alguns padres cometeram crimes de índole sexual ou outros (que sejam chamados a contas e respondam por isso)deve-se acabar com todas as igrejas e etc. Vamos achar bem estas conclusões patéticas. Os silogismos nestes domínios são perigosos.

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  4. Adoptar esse tipo de silogismo é ser radical, fanático.
    Agora não deve haver dúvidas de que, com esta postura da igreja, as vocações serão arredadas, as famílias hão-de hesitar...Na minha juventude quem quisesse ir para o teatro era "para uma má vida" e estão ai óptimos actores dessa altura. Um ponto é certo e esse é, para mim, o mais importante. Talvez que esta Igreja Romana leve um abalo. Não lhe fará mal.Hão-de sair a terreiro os verdadeiros seguidores da Igreja de Jesus,talvez se derrube muita riqueza e teorias instaladas, praxes e orientações que nunca sequer hão-de ter passado pela cabeça de Jesus! Talvez desapareçam as cruzes peitorais ostentatórias, enfeitando anafadas barrigas e volte a aparecer o burel...Oxalá.

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