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segunda-feira, maio 10, 2010

farrapos de alma


E à alegria diurna descerro as mãos.  Perde-se 
entre a nuvem e o arbusto o cheiro acre e puro
da tua entrega.  Bichos inclinam-se
para dentro do sono, levantam-se rosas respirando
contra o ar.  Tua voz canta
o horto e a água - e eu caminho pelas ruas frias como lento 
desejo do teu corpo.
Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo.


Herberto Helder
O AMOR EM VISITA

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