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sábado, abril 10, 2010

Elegia para uma Gaivota

Morreu no Mar a gaivota mais esbelta,
A que morava mais alto e trespassava
De claridade as nuvens mais escuras com os olhos

Flutuam quietas, sobre as águas, suas asas
Água salgada, benta de tantas mortes angustiosas, aspergiu-a
E três pás de ar pesado para sempre as viagens lhe vedaram.

Eis que deixou de ser sonho apenas sonhado.
-: É finalmente sonho puro,
Sonho que sonha finalmente, asa que dorme voos

Cantos dos pescadores, embalai-a!
Versos dos poetas, embalai-a!
Brisas, peixes, marés, rumor de velas, embalai-a!

Há na manhã um gosto vago e doce de elegia,
Tão misteriosamente, tão insistentemente,
Sua presença morta em tudo se anuncia.

Ela vai, sereninha e muito branca.
E a sua morte simples e suavíssima
É a ordem-do-dia na praia e no mar alto.


Sebastião da Gama

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